Em mais um dia marcado por ruídos políticos entre o Executivo e o Banco Central, o Ibovespa registrou queda de 0,82%, aos 107.829,73 pontos. Após críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central e ao atual patamar da taxa de juros no Brasil, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu que a independência formal da instituição “desconecta o ciclo de política monetária do ciclo político”. Lula, no entanto, voltou a citar Campos Neto, dizendo que ele deve explicações ao Congresso Nacional e a quem o indicou. Por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que a ata do Copom, divulgada hoje, “veio melhor do que o comunicado, mais amigável”.
Em Wall Street, as bolsas americanas subiram em bloco, reagindo às declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que indicou que a inflação americana está em trajetória de queda. “O processo desinflacionário, de reduzir a inflação, começou e começou no setor de bens”, disse Powell. “Mas ainda falta muito. Esses são os estágios iniciais da desinflação”. Contudo, ele também afirmou que reagirá aos dados da economia. “Se continuarmos a obter, por exemplo, fortes relatórios do mercado de trabalho ou relatórios de inflação mais altos, pode ser que tenhamos que fazer mais e aumentar as taxas mais do que o precificado.”
No mercado de câmbio, o dólar à vista avançou 0,50%, cotado a R$ 5,1998, também reagindo negativamente às falas vindas de Brasília e com investidores aumentando posições defensivas. O movimento do real foi na contramão do mercado, já que a moeda americana se enfraqueceu em relação a maioria dos pares, tanto de divisas fortes quanto de moedas emergentes.
Destaques da Bolsa
Entre os destaques do dia na B3, na maior alta do dia, as ações de Embraer ON aceleraram 3,10%, impulsionadas pela valorização do dólar e pelo relatório do BTG Pactual, reiterando a recomendação de compra diante de um valuation atrativo, além de prever gatilhos favoráveis de curto prazo.
Já os papéis de Eletrobras ON e PNB recuaram 3,51% e 3,43%, respectivamente, com o mercado temeroso com a fala do presidente Lula de tentar reverter na Justiça a privatização da companhia.
Por fim, os frigoríficos tiveram forte queda pela segunda sessão consecutiva, com BRF ON derretendo 6,83% e Marfrig ON tombando 5,15%, ainda impactados pelos resultados negativos da Tyson Foods nos Estados Unidos. Na contramão do setor, Minerva ON subiu 1,48%.
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