
Em um dia de forte aversão a risco para os ativos domésticos, o Ibovespa registrou forte queda de 2,29%, aos 97.926,34 pontos, perdendo o nível dos 100 mil pontos e na sua mínima desde 18 de julho. O índice foi pressionado, principalmente, por nomes mais sensíveis ao elevado patamar de juros do País. Além disso, blue chips como Petrobras, Vale e o setor bancário também operaram no vermelho. Os temores se intensificaram depois que o Copom manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, no entanto o que surpreendeu o mercado foi o tom mais duro do comunicado, sem a sinalização de cortes de juros nas próximas reuniões, o que gerou críticas por parte do governo, que já vinha pressionando por uma flexibilização do aperto monetário. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou o comunicado do Copom como “muito preocupante”. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não cumpre a lei e que o Senado precisa “cuidar” dele.
Em Wall Street, as bolsas americanas subiram em bloco, em movimento de recuperação após uma forte liquidação na sessão anterior. Ações do setor de tecnologia ganharam força à medida que investidores reduziram suas apostas de aumento de juros por parte do Federal Reserve para a próxima reunião em maio. Ao mesmo tempo, os rendimentos dos Treasuries, os títulos públicos americanos, recuaram. Vale lembrar que o segmento de tecnologia foi o mais atingido pelo mercado, depois que o Fed elevou as taxas de juros nove vezes seguidas no período de aproximadamente um ano.
No mercado de câmbio, o dólar à vista subiu 1,01%, cotado a R$ 5,2900, também refletindo o atrito entre membros do governo e o Banco Central após a decisão de juros no Brasil, com aumento das apostas por manutenção da Selic em maio. O movimento de enfraquecimento do real foi na contramão das principais divisas globais, seja de mercados desenvolvidos ou emergentes, que se fortaleceram no pregão ante a moeda americana.
Destaques da Bolsa
Entre os destaques do dia na B3, apenas 12 papéis encerraram a sessão no campo positivo no Ibovespa, sendo a maioria deles nomes considerados mais defensivos. Assim, Weg ON subiu 0,94%, Tim ON avançou 0,71%, Telefônica Brasil ON ganhou 0,55% e BB Seguridade ON se valorizou 0,77%.
Pelo lado negativo, papéis mais sensíveis à taxa de juros foram penalizados, diante da sinalização do Banco Central que o início do ciclo de corte de juros ainda se encontra distante. Magazine Luiza ON derreteu 13,37%, Via ON tombou 7,04%, Totvs ON caiu 5,67%, Cyrela ON cedeu 6,16%, Petz ON se desvalorizou 7,64%, Locaweb ON registrou baixa de 7,60% e MRV ON teve decréscimo de 6,80%.
Já as ações de petroleiras recuaram em bloco, em linha com a desvalorização de cerca de 2% do petróleo no mercado internacional, com investidores adotando cautela após bancos centrais nos Estados Unidos e na Europa continuarem o processo de aperto monetário, elevando os temores de recessão em grandes economias desenvolvidas. Petrobras ON e PN perderam 1,96% e 2,27%, respectivamente, enquanto PetroRio ON teve queda de 4,53% e 3R ON caiu 2,61%.

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