Na contramão dos principais mercados acionários globais, de Nova York e Europa, o Ibovespa registrou forte queda de 1,40% na sessão desta quarta-feira, aos 119.936,02 pontos. As blue chips caíram em bloco, derrubando a Bolsa brasileira ao menor patamar do ano. As ações de Petrobras PN tombaram 2,45%, de Vale ON perderam 1,38% e de Bradesco PN cederam 1,86%. O estresse para os ativos domésticos acontece em um momento de desarticulação do governo no Congresso e uma sensação de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na gestão de Lula. Além disso, a fala de Lula de que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público” também foi recebida com preocupação. Assim, os juros futuros aceleraram e já mostram o mercado precificando uma taxa Selic entre 11,25% e 11,50% ao final de 2024 e de 12% para o fim de 2025.
Em Wall Street, as bolsas americanas não definiram sinal único, com maior destaque para os índices S&P 500 e Nasdaq, que renovaram recordes históricos de fechamento pelo terceiro dia consecutivo. Já o Dow Jones ficou próximo da estabilidade, mas no campo negativo. Por lá, o pregão foi marcado por agenda cheia. Em decisão unânime, o Federal Reserve manteve sua taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50%, pela sétima vez consecutiva, o que era amplamente esperado pelo mercado. No comunicado que acompanha a decisão, a instituição disse ainda ser preciso ver mais avanços no combate à inflação antes de iniciar os cortes. Segundo a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, o Fed de hoje parece compatível, por ora, com a leitura de que promoverá dois cortes de 25bps até o final deste ano. Mais cedo, o índice de preços ao consumidor (CPI) americano ficou estável no mês de maio em comparação com abril, abaixo da alta de 0,1% esperada pelo mercado, consolidando a visão de que o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos pode começar na reunião de setembro.
No mercado de câmbio, o dólar à vista subiu 0,84%, cotado a R$ 5,4062, na direção contrária ao movimento de enfraquecimento da moeda americana na comparação com as principais divisas do mundo, diante de um dado de inflação comportado nos Estados Unidos e de uma sinalização do banco central americano que não soou tão hawkish quanto nas outras decisões. Assim como os outros ativos domésticos, o real foi penalizado pelo clima de maiores incertezas internas. Na máxima do dia, o dólar chegou a tocar em R$ 5,43.

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