Após iniciar o dia no campo negativo, o Ibovespa mudou de sinal e encerrou em leve alta de 0,25% na sessão desta quarta-feira, aos 122.641,30 pontos. O principal índice da B3 foi apoiado, principalmente, por nomes ligados a commodities metálicas, após valorização de 3,38% do minério de ferro na bolsa de Dalian, na China. Assim, Vale ON subiu 1,10% e Usiminas PNA avançou 3,71%. Somado a isso, o decreto que prevê alteração do regime de meta de inflação anual para o modelo de meta contínua a partir de 2025, com alvo em 3%, foi bem recebido pelo mercado. Contudo, o movimento da Bolsa brasileira foi freado por falas do presidente Lula, que afirmou que “o problema não é ter que cortar (gastos). É saber se precisa efetivamente cortar ou aumentar a arrecadação”. Ele também disse que o governo está verificando se há gastos exagerados, mas sem levar em consideração “o nervosismo do mercado”. O discurso vai na contramão do que foi sinalizado recentemente pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, o que novamente aumentou os ruídos em torno do cenário fiscal brasileiro. Diante de uma alta dos juros futuros, papéis mais sensíveis à economia doméstica foram mais penalizados, casos de Azul PN (-5,56%), Pão de Açúcar ON (-7,77%), MRV ON (-3,58%) e Lojas Renner ON (-3,11%).
Entre os indicadores econômicos, o IPCA-15 subiu 0,39% em junho, abaixo dos 0,43% esperados e desacelerando em relação ao resultado de maio (0,44%). Segundo a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, de maneira geral, o dado de inflação deste mês pode ser visto como uma boa notícia por sua desaceleração e por ter ficado abaixo das expectativas, mas alguns pontos ainda merecem cautela. É uma inflação, de acordo com ela, que pode até fazer com que o Copom tenha uma postura um pouco menos dura, mas que não justifica qualquer mudança na sinalização e condução da política monetária.
Em Wall Street, as bolsas americanas subiram em bloco, mas sem tanto apetite, com maior destaque para o índice Nasdaq. Por lá, o mercado opera cauteloso à espera do índice de preços de consumo pessoal (PCE) de maio dos Estados Unidos, considerado o indicador de inflação favorito do Federal Reserve, o banco central americano. Caso o número venha dentro das expectativas, investidores devem seguir esperançosos de que o Fed inicie o ciclo de corte de juros ainda em 2024. Entre papéis de destaque, as ações de FedEx saltaram 15,53%, após a divulgação de lucros ajustados melhores do que o esperado no quarto trimestre fiscal, enquanto as de Rivian dispararam 23,24%, depois que a Volkswagen afirmar que planeja investir até US$ 5 bilhões na empresa de veículos elétricos.
No mercado de câmbio, o dólar à vista acelerou 1,19%, cotado a R$ 5,5194, maior nível desde 18 de janeiro de 2022, também impactado pelo discurso do presidente Lula, com agentes atentos à questão fiscal, mas também a possíveis impactos na condução de política monetária do Banco Central, já que em sua última ata a autoridade monetária reafirmou a necessidade de se manter uma “política fiscal crível”. Na máxima do dia, a moeda americana encostou em R$ 5,5264. No exterior, o iene renovou mínima desde 1986 ante o dólar.

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