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Ponto de vista

“Aumento de juros será antes do que o mercado está precificando”, afirma professor da FGV

“Aumento de juros será antes do que o mercado está precificando”, afirma professor da FGV

De acordo com as atuais projeções do mercado, agentes financeiros precificam um aumento da taxa básica de juros em junho de 2021. No entanto, para Clemens Nunes, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV), o movimento deve acontecer ainda no primeiro trimestre do ano que vem. “A opinião do (Boletim) Focus é defasada, porque os agentes demoram um pouco para ajustar suas expectativas”, afirma Nunes, em entrevista para o B.Side Insights.

Vale lembrar que haverá nesta semana a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir o patamar da Selic, com ampla aposta do mercado para manutenção da taxa, atualmente em 2% ao ano.

Segundo Nunes, o Banco Central (BC) tem cada vez menos margem de manobra para atuar por conta da aceleração da inflação, acrescentando que a autarquia foi responsável por um afrouxamento monetário excessivo durante a pandemia de covid-19 que criou algumas tensões no financiamento da dívida pública e trouxe maior volatilidade para a taxa de câmbio e a curva de juros. “Parte desse efeito vamos carregar para o ano que vem”, analisa o professor da FGV.

Cenário de inflação

Um outro aspecto que chamou a atenção nesta segunda-feira, 7, foi o aumento da projeção do IPCA de 3,54% para 4,21% em 2020, e de diminuição de 3,47% para 3,34% em 2021, segundo o Boletim Focus, relatório do Banco Central com as projeções econômicas de agentes do mercado.

A expectativa por uma inflação acima do centro da meta, de 4%, ainda neste ano aconteceu, principalmente, por conta da decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de antecipar a bandeira vermelha para as tarifas de energia de dezembro.

Apesar do choque da tarifa energética, Clemens Nunes lembra que a aceleração inflacionária em 2020 já vinha acontecendo pela pressão no preço dos alimentos, mas havia uma expectativa de que o número encerrasse o ano abaixo do centro da meta.

O que, de acordo com ele, não está precificado é o efeito do aumento de energia que será repassado para os preços em parte ou integralmente. “Hoje, os agentes do mercado ainda não conseguem ter uma ideia desse grau do repasse”, diz Nunes, explicando que o repasse seria correspondente ao momento econômico do País. “Se a economia estiver bem, as empresas terão mais capacidade de repassar.”

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