Puxado pelos segmentos de alimentos e bebidas (+2,54%) e transporte (+1,33%), o IPCA de novembro registrou alta de 0,89%, o maior para o mês desde 2015, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), número maior do que os 0,78% projetados pelo mercado. O índice de inflação acumula avanço de 4,31% nos últimos 12 meses, acima do centro da meta de 4% estipulado pelo Banco Central (BC).
De acordo com relatório do BTG Pactual, as recentes pressões inflacionárias podem ser explicadas por três motivos. O primeiro é pela maior demanda global por alimentos somado à desvalorização cambial, fatores que incentivam a exportação no setor agropecuário, elevando os preços na economia doméstica. O segundo é pela recuperação dos preços do petróleo, ultrapassando o patamar de US$ 40 por barril. Por último, é observado um descasamento entre escassez na oferta de insumos da indústria e uma demanda mais forte em alguns setores, como na indústria automobilística e na construção civil.
Em dezembro, outro ponto de atenção para a inflação virá após decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de antecipar a bandeira vermelha para as tarifas de energia do último mês do ano, o que, por outro lado, alivia as pressões inflacionárias sobre 2021.
Apesar da pressão no curto prazo, os economistas Álvaro Frasson e Luiza Paparounis afirmam que o IPCA deve manter um perfil comportado de preços no longo prazo (segundo semestre de 2021). Eles enxergam que os efeitos nos próximos meses devem ser suavizados com a normalização da pandemia de covid-19. Já o setor de serviços, componente de maior peso na inflação ao consumidor, só deverá ganhar tração com a queda da taxa de desemprego e a recomposição da renda do brasileiro.
O BTG Pactual revisou sua projeção deste ano, elevando o IPCA de 4,2% para 4,4%. Para 2021, o banco estima que o índice de inflação encerrará em alta de 3,4%.
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