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Balanço de dezembro: pacote fiscal dos EUA, acordo pós-Brexit e início de vacinação contra covid-19 embalam os mercados

Balanço de dezembro: pacote fiscal dos EUA, acordo pós-Brexit e início de vacinação contra covid-19 embalam os mercados

Duas verdadeiras novelas no cenário externo foram as principais responsáveis por monopolizar a atenção do mercado no mês de dezembro: a aprovação de um novo pacote fiscal nos Estados Unidos e o acordo comercial pós-Brexit entre União Europeia e Reino Unido.

Este último, inclusive, só foi resolvido justamente no penúltimo dia do ano, depois de meses de arrastadas negociações entre o bloco econômico europeu e os britânicos, sendo a principal divergência relacionada à pesca. Após sacramentar o acordo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que é “hora de deixar o Brexit para trás”.

Já o tão aguardado pacote fiscal no valor de cerca de US$ 900 bilhões para atenuar os efeitos da pandemia de covid-19 na economia americana foi aprovado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com elevação do auxílio de US$ 600 para US$ 2 mil para a população, incluindo crianças, que ganha menos de US$ 75 mil dólares anualmente. A Câmara dos EUA aprovou o aumento, contudo há ainda um impasse no Senado, de maioria republicana, sobre o acréscimo dos cheques individuais. Fica ainda no radar a intenção do presidente eleito, Joe Biden, de propor um terceiro pacote fiscal em 2021.

Um terceiro fator que deu ânimo aos mercados foi o início da vacinação pelo mundo, mesmo com a aceleração da covid-19 em diversos países. O primeiro a aprovar um imunizante foi o Reino Unido com a vacina da Pfizer e da BioNTech, seguido posteriormente pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Atualmente, mais de 40 países já iniciaram o processo de vacinação. Além da Pfizer, vacinas da Moderna e da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca tiveram maior protagonismo. Já os imunizantes Sputnik V (Rússia) e CoronaVac (China) foram menos difundidos até o momento.

Apesar do início da imunização de uma parte da população mundial, a notícia de uma nova variante mais transmissível do novo coronavírus no Reino Unido trouxe cautela, contudo integrantes da comunidade científica global garantiram que a nova cepa não seria capaz de atrapalhar, pelo menos a princípio, o processo de vacinação. 

No Brasil, a data para o início de uma vacinação em massa da população ainda é incerta. Em reunião com a farmacêutica AstraZeneca, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sinalizou que pode aprovar uma vacina em 10 dias depois do pedido de registro. A agência reguladora, inclusive, simplificou as regras para conceder uma autorização emergencial após reclamações da Pfizer sobre o processo burocrático.

Diante de um noticiário movimentado no exterior, as bolsas americanas e europeias tiveram um mês de recuperação. Em Wall Street, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram dezembro em alta de 2,60%, 3,05% e 5,50%, respectivamente. Na Europa, a bolsa de Londres valorizou 4,62%, a de Frankfurt avançou 3,22% e a de Paris subiu 1,47%.

No mercado doméstico, o impulso vindo do exterior fez o Ibovespa recuperar em dezembro o patamar de pontuação pré-pandemia. O principal índice da B3 teve alta de 9,30%, aos 119.017,24 pontos, no segundo mês consecutivo no azul. No último pregão do ano, a Bolsa até chegou a tocar acima dos 120 mil pontos, mas encerrou 2020 pouco abaixo da máxima registrada em 23 de janeiro, quando marcou 119.527 pontos. Na mínima, foi a 63.569 pontos, em 23 de março. No ano, o Ibovespa teve acréscimo de 2,92%.

O dólar encerrou o mês de dezembro em queda de 2%, cotado a R$ 5,1887. Porém, a moeda americana acumulou alta de 29,34% em 2020, o quarto avanço anual seguido.

Novamente, questões relacionadas ao cenário fiscal do País ficaram no radar dos investidores. O principal fato foi a aprovação do Congresso Nacional para o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021, com meta de déficit primário de R$ 247,118 bilhões, o que foi essencial para não travar os pagamentos do governo federal a partir de janeiro. Este foi o primeiro passo para definir o Orçamento do ano que vem.

Por outro lado, a PEC Emergencial também ficou para o ano que vem. Contudo, o adiamento da votação foi criticado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmando que a proposta tinha o objetivo de dar uma maior tranquilidade de encerrar o estado de calamidade pública e o orçamento de guerra, já que estabelecia gatilhos para o cumprimento do teto de gastos.

Em Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda vetou a possibilidade de Maia e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de se candidatarem à reeleição para seus cargos no próximo ano, deixando em aberto a disputa nas duas casas.

O mês também teve a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve a taxa básica de juros a 2% ao ano. Esta foi a terceira manutenção seguida da Selic nas mínimas históricas. Apesar da decisão, o que gerou maior interesse do mercado foi a ata do Copom sinalizando a possibilidade de retirada do forward guidance e de aumento de juros em 2021.

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também manteve a taxa de juros na faixa entre 0% e 0,25%, afirmando que seguirá comprando títulos para estimular a economia americana. Já o Banco Central Europeu (BCE) afrouxou sua política monetária novamente e ampliou seu programa de emergência para auxiliar a zona do euro a combater os estragos da pandemia.

Na agenda de indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,7% no terceiro trimestre, acabando com uma recessão técnica. Já a taxa de desemprego subiu a 14,2% em novembro, batendo um novo recorde, de acordo com o IBGE. Porém, o Ministério da Economia anunciou que o País registrou 414.556 empregos com carteira assinada em novembro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que representa o quinto mês consecutivo no azul e um novo recorde histórico.

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