
Com uma cabeça de longo prazo, o fundo de ações long only (aposta apenas na alta) da Trilha Investimentos, presente na plataforma do BTG Pactual, já teve um retorno de dez vezes o desempenho do Ibovespa desde janeiro de 1998. Apesar do histórico positivo, o fundo sofreu seu pior mês na história em março deste ano, ao cair 29%, contudo conseguiu terminar o ano no azul, com alta superior a 4%, relembrando a importância para seus investidores de olhar para longos horizontes de tempo.
Ainda que o track record seja extenso e relevante no mercado, apenas em abril deste ano a asset resolveu abrir seu fundo para o público em geral ao enxergar o movimento que vem acontecendo no País, com investidores migrando seus recursos para ativos mais arriscados diante da taxa de juros nas mínimas históricas.
O fundo, gerido pelos irmãos Pedro e Guilherme Camargo, juntos há 17 anos, conta com uma diversificação de 30 a 35 ativos, não concentra mais do que 10% em um papel na carteira e deixa entre 5% a 15% do PL em caixa, buscando uma carteira que gere um bom nível de renda, com empresas que dão lucro e boas pagadoras de dividendo. O produto oferecido na plataforma do BTG tem valor mínimo inicial de R$ 1 mil, com resgate de apenas três dias. “Priorizamos muito essa questão de liquidez”, afirma a equipe da Trilha.
A gestão de risco da carteira também é diferenciada, sendo 25% do portfólio voltado para empresas majoritariamente exportadoras, a fim de mitigar riscos com a alta do dólar. A gestora também investe em companhias com poder de pricing power, isto é, líderes no segmento em que atuam e que conseguem repassar preços em eventual alta da inflação.
Confira abaixo quatro ações relevantes na carteira do fundo de ações da Trilha Investimentos:
- Sanepar (SAPR3; SAPR4; SAPR11)
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) está na carteira da Trilha há mais de dez anos e corresponde à maior posição da gestora. Apesar do longo tempo, a companhia ainda é considerada barata em comparação com seus múltiplos. A gestora ressalta que a Sanepar é uma empresa sem risco de receita por estar inserida no setor de utilities e saneamento, com uma geração alta de caixa, com margens elevadas e com uma boa gestão. O único ponto de atenção é o risco político, principalmente em torno da revisão tarifária.
- Weg (WEGE3)
Com a segunda maior alta da Bolsa em 2020 com avanço de 120,28%, atrás apenas de CSN (+125,97%), as ações de Weg se transformaram em uma das maiores posições do fundo da Trilha, ganhando espaço muito por conta da expressiva e rápida valorização. A empresa de motor elétrico se notabilizou pela internacionalização ao longo dos últimos anos, sendo líder no segmento em que atua e bem gerida.
- JBS (JBSS3)
O setor de frigoríficos está subvalorizado, na opinião da Trilha, sendo a JBS uma das empresas negociadas a múltiplos muito baixos, segundo a asset, apontando para um múltiplo de 5x o EV/Ebitda, ou seja, com a empresa se “comprando” em cinco anos de geração de caixa. A JBS é apontada como uma gigante do setor de alimentos, diversificada tanto geograficamente (Brasil, EUA e Austrália) quanto nas proteínas (suínos, frango e carne bovina). Na tese do fundo, a companhia está bem posicionada para capturar os efeitos da febre suína na China e o aumento do poder de compra dos próprios chineses, além de uma demanda maior por proteína no mercado doméstico e internacional.
- BRF (BRFS3)
Assim como a JBS, a BRF também é considerada uma empresa negociada a um múltiplo baixo. Os números de crescimento agressivos apresentados pela companhia no Investor Day animam, com o planejamento de ter uma receita de R$ 100 bilhões até 2030. A internacionalização da produção, com novas fábricas na Arábia Saudita e na China, também é positiva, já que a BRF é uma empresa majoritariamente exportadora e 90% das exportações são produzidas no Brasil, fato que a deixava refém dos aumento de grãos como milho e soja. Apesar disso, a nova gestão é elogiada por comprar insumos “muito bem”, já que este produto significa praticamente 80% dos custos da companhia.
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