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Ponto de vista

As redes sociais impulsionaram o fenômeno das ‘story stocks’ de forma nunca antes vista, afirma David Laloum, sócio e CSO da Distrito

As redes sociais impulsionaram o fenômeno das ‘story stocks’ de forma nunca antes vista, afirma David Laloum, sócio e CSO da Distrito
David Laloum, sócio e CSO da Distrito

Com a tecnologia cada vez mais presente no mundo corporativo e as incertezas causadas pela pandemia de covid-19, estamos acompanhando um fenômeno conhecido como story stock, apesar de não ser novo e sempre ter existido. O termo representa uma ação da Bolsa de Valores que tem uma capacidade de narrativa muito forte e que supera às vezes qualquer imaginação que possamos ter.

Segundo o francês David Laloum, sócio e CSO da Distrito, globalmente o case mais interessante de story stock é o da Tesla, estimulado pelas redes sociais. “Apesar de ser uma baita empresa, ter um baita empresário e um produto interessante, o que acontece com a ação da Tesla está muito ligado à sua narrativa e o conjunto do que o Elon Musk representa”, diz Laloum em entrevista para o B.Side Insights.

O estrategista de marcas e ex-CEO da Young & Rubicam, uma das principais agências de publicidade do mundo, ainda afirma que o sucesso da Tesla também se beneficia da incapacidade das empresas tradicionais criarem uma narrativa competitiva. “Musk virou uma marca e as pessoas compram isso.”

Empresas “mais sexy” aos olhos dos brasileiros

O “boom” de investidores pessoa física na B3, que bateram recorde de mais de 3,2 milhões em 2020, pode, inclusive, causar uma mudança estrutural no modo do brasileiro enxergar a Bolsa. Com algumas empresas listadas mais próximas no dia a dia, os investidores também passam a olhar para os negócios não só como acionistas, mas também como consumidores. Como exemplo nacional, a narrativa da Magazine Luiza é tão ou mais forte e influente do que os fatos e resultados de negócio. Outras empresas que podem entrar nessa classificação são a Weg ou a Nubank (esta última não classificada como companhia de capital aberto).

As ações “mais sexy” – termo que vem sendo adotado em Wall Street para o setor de tecnologia – até podem ser novidade no mercado brasileiro, contudo esse é um fenômeno antigo nos Estados Unidos, país com a bolsa mais madura do mundo.

Em um passado não tão distante, havia no imaginário popular a ideia de que o melhor investimento na Bolsa, principalmente para investidores de primeira viagem, era restringido a algumas estatais como Petrobras e Vale – esta última privatizada em 1997.

Vale ressaltar que nenhum papel do mercado acionário deve ser comprado única e exclusivamente pela identificação do investidor com uma empresa por suas experiências pessoais, mas sim pelos fundamentos e resultados da companhia, afinal o mercado é “frio” e se preocupa com lucro e crescimento.

Juros baixos beneficiam o empreendedorismo

Com a taxa de juros nas mínimas históricas, atualmente em 2% ao ano, o movimento de migração da renda fixa para a renda variável vem se intensificando no mercado financeiro do Brasil.

E esse fenômeno, de acordo com Laloum, beneficia o empreendedorismo, já que o capital dos investidores precisa ser aplicado em algo mais frutífero do que já foi um dia, com um pouco mais de risco, mas potencialmente muito mais interessante para as empresas, para a sociedade e para os próprios investidores. “Há uma mudança estrutural de placas tectônicas para onde o dinheiro vai, e ele está voltando para o empreendedorismo mais do que nunca”, observa o sócio da Distrito.

O que é a Distrito?

Fundada em 2014, a Distrito é uma plataforma de inovação aberta que tem o objetivo de ajudar as corporações a se transformarem tecnologicamente e digitalmente. A casa ainda tem parceiros globais de peso como Microsoft, IBM, Paypal e Dell, entre alguns nomes.

Um dos braços da empresa é voltado para startups, que hoje conta com cerca de 360 e com pretensão de alcançar mil até o final de 2021. “Startups são o motor de transformação das corporações”, afirma Laloum. “Queremos ajudar a impactar positivamente a trajetória dessas startups porque elas são um dos fatores de transformação das grandes corporações.”

Além disso, a Distrito também ajuda a desenhar teses de corporate venture capital, mas sem operar o tema.

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