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B.Side – Carta de Junho ao Investidor

B.Side – Carta de Junho ao Investidor

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Leia alguns trechos da carta abaixo:

Cenário Internacional

No mercado internacional, o destaque do mês foi o pronunciamento mais hawkish do FOMC (Federal Open Market Committee) após a última reunião, sinalizando que o Fed está “alerta” com o potencial risco da inflação exacerbada nos EUA, e alterando a previsão do início do aumento da taxa de juros (anteriormente apenas em 2024) para dois aumentos de juros ao final de 2023 com base nas novas projeções macroeconômicas indicando maior crescimento do PIB e das expectativas de inflação. Além disso, percebeu-se também uma mudança no tom com relação ao tapering (redução da intensidade dos estímulos monetários) de “não estamos nem pensando em pensar sobre” para “estamos pensando em pensar sobre”, o que, traduzindo em linguagem comum significa: “podemos reduzir os estímulos econômicos antes do esperado, caso percebamos que a inflação muito acima da meta não seja transitória”.

Tal pronunciamento acabou dissipando um pouco do temor do mercado de que a inflação mais persistente nos EUA surpreendesse o Fed, que até então apresentava uma postura extremamente dovish e leniente, eventualmente forçando-o a aumentar os juros bruscamente, impactando de forma severa os ativos de risco globais. Como consequência, observamos um início do movimento de derotation, isto é, a migração do investimento em empresas de setores cíclicos (como industrials e financials) para empresas de tecnologia com alto crescimento consistente e, de certa forma, menos expostas ao cenário de crescimento global.

Algumas gestoras acreditam que, diferentemente do “Fed de 2013”, essa maior transparência do banco central americano, com um acompanhamento próximo das expectativas de inflação e crescimento do PIB e disposição para “segurar as rédeas” da inflação se necessário, (somado ao fim próximo dos pacotes de auxílio emergencial (o que contribui para a redução do desemprego) sejam indicativos de que o mercado não deve sofrer grandes impactos com o início do tapering (provavelmente ao final deste ano/início de 2022), portanto, justificando esse movimento de derotation. Ainda assim, o mercado global deve continuar acompanhando de perto os números de inflação americana nas próximas semanas.

De forma geral, seguimos otimistas com a recuperação global no curto e médio prazo, mas vale estar atento também ao risco de curto prazo associado a um eventual aumento do número de casos de coronavírus da variante Delta na Europa.

Cenário Doméstico

No mercado interno, a novidade acabou não agradando o mercado. No dia 25 de junho, o governo divulgou a proposta da Reforma Tributária, já apelidada de “pacote de maldade”. Segundo especialistas, a proposta veio com intuito genuíno de maior arrecadação pela Receita Federal, sem preocupação com o efeito das medidas nos investimentos e desenvolvimento econômico. Como consequência, o mercado tem apresentado maior volatilidade e realização dos lucros recentes na bolsa.

Apesar disso, continuamos positivos com o movimento de curto para bolsa, com a reabertura da economia puxada por um ritmo forte de vacinação, um cenário fiscal mais organizado e empresas listadas já em ritmo operacional acelerado e financeiramente saudáveis.

Com relação à inflação, os números vêm surpreendendo para cima semana-após-semana, sendo que o relatório Focus já indica um IPCA de 6,1% para 2021 e 3,8% para 2022, puxada principalmente pelo choque do preço dos alimentos, petróleo, energia elétrica, semicondutores e pela alta do dólar, somados também aos efeitos de base. Além disso, é possível que, com a reabertura da economia, o consumo das famílias tenda a pressionar o setor de serviços no segundo semestre. Como resultado, observamos uma abertura da curva de juros, já precificando que o Banco Central encerre o ciclo de aperto monetário acima da taxa de juros neutra, principalmente após a última ata, na qual o Copom descartou a possibilidade de encerrar o ciclo abaixo do juro neutro (hoje, em torno de 6,5%). Como exemplo, os contratos de DI com vencimento em abr/22 está negociando a taxa em torno de 6,38%, e o com vencimento em jan/23 a 7,275% (contra
5,585% a.a. e 6,955% no início de junho, respectivamente). As ausência de ruído político até antes da apresentação da proposta da Reforma Tributária e a abertura das taxas contribuíram para a valorização do Real frente ao Dólar, apesar da moeda local ter entregado os ganhos nos últimos dias devido às novas turbulências políticas.

Como principais riscos para o mercado, além da possível desancorarem da inflação e necessidade de aumento da Selic acima do juro neutro, destacamos (i) a crise hídrica, que apesar de ainda remoto, representa uma possibilidade de apagão, e (ii) uma eventual antecipação da corrida eleitoral já para o final deste ano (o que seria a maior antecipação da história do País), incentivando atitudes mais populistas do governo atual e aumentando a volatilidade dos mercados.

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