Na última ata do Copom, divulgada em setembro, o Banco Central sinalizou que elevaria a taxa básica de juros em mais 1% em outubro. No entanto, de lá para cá, houve uma mudança drástica de cenário em quase um mês e meio, com um temor de ruptura fiscal do País.
Desde a semana passada, quando o governo admitiu a possibilidade de mudanças no teto de gastos, os juros futuros dispararam, com o mercado apostando em uma atuação mais agressiva do BC na reunião de política monetária desta quarta-feira.
Para Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da Quantitas, a quebra do regime fiscal demanda que o Banco Central tome uma postura mais dura na política monetária. Assim, a casa alterou seu cenário para a Selic.
Antes, a asset esperava três altas de 100 basis points, em outubro, dezembro e fevereiro, com o BC encerrando o ciclo com 75 basis points em março, com a Selic chegando a 10% ao ano. Hoje, a Quantitas já prevê uma alta de 150 basis points em outubro, 125 basis points em dezembro e 100 basis points em fevereiro e março, encerrando o ciclo em 11% ao ano.
Segundo Chermont, foi até difícil decidir se a expectativa de elevação dos juros em outubro seria de 125 ou de 150 basis points, mas optou pelo lado mais “hawk”, porque caso o BC opte por 125 basis points, ele corre o risco de ver os ativos (dólar, juros e inflação) continuarem se deteriorando, uma vez que que já está incorporado na curva de juros o aumento de 150 basis points.
“O Banco Central para tentar conter o dano nos ativos e, que tem consequências na economia real, precisa ser pelo menos tão duro quanto a curva está precificando”, afirma o economista-chefe da Quantitas.
Outra casa a apostar em uma elevação de 1,50% nos juros é o BTG Pactual. De acordo com o banco, a deterioração do quadro fiscal brasileiro, a partir de gastos com benefícios sociais que não estavam no cenário base do Orçamento da União de 2022, faz com que o quadro inflacionário seja mais desafiador caso o Copom não tome direção hawkish nos próximos encontros.
“O quadro fiscal entre as reuniões do Copom apresentou significativa deterioração, com a possibilidade eminente de manutenção da expansão dos gastos com benefícios sociais no próximo ano, acendendo o alerta para as pressões inflacionárias no horizonte relevante de política monetária”, afirmou o BTG, em relatório.
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