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“Você nunca sabe a data e hora que uma recessão chega”, afirma Felipe Guerra, gestor da Legacy

“Você nunca sabe a data e hora que uma recessão chega”, afirma Felipe Guerra, gestor da Legacy

Depois de um primeiro semestre marcado por incertezas no mercado internacional relacionadas ao futuro dos Estados Unidos, que passa por um processo de aperto monetário promovido pelo Federal Reserve, gestoras ainda não conseguem enxergar com clareza qual será o desfecho para a maior economia do mundo. É o caso da Legacy Capital, asset com R$ 28 bilhões sob gestão.

“É preciso encurtar muito o horizonte de investimento porque a incerteza é muito grande”, afirma Felipe Guerra, CIO da Legacy ao B.Side Insights, destacando que a gestora opera “até a nuvem” e “depois da nuvem” não dá para fazer nenhum investimento já que não há visibilidade. “Lá fora está mais difícil ser assertivo no timing do cenário porque o dever de casa não foi feito. Começaram a subir os juros muito devagar, mas a impressão que dá é que não subiram o suficiente.”

Se no começo de 2023, a perspectiva de recessão na economia americana era a visão majoritária, o mercado virou a mão e passou a precificar um soft landing (um pouso suave) e, posteriormente, até um no landing, apostando que a atividade continuaria resiliente mesmo com o ciclo de elevação de juros do Fed.

“Final de ciclo (de juros) é assim mesmo. Você nunca sabe a data e hora que uma recessão chega”, aponta o CIO da Legacy. “Nós discutimos quase que diariamente se os Estados Unidos estão desacelerando ou reacelerando.”

Guerra destaca que a política monetária “funciona”. À medida que os bancos centrais apertam os juros, de forma significativa, as condições fiscais e de crédito também são espremidas, e a desaceleração econômica acontece. “Você pode ter uma recessão branda ou mais severa, mas a política monetária funciona, traz a inflação para baixo e o crescimento para baixo”, explica.

E se a dúvida paira sobre os países desenvolvidos, não se pode afirmar o mesmo dos emergentes, especialmente alguns exemplos da América Latina. Para Guerra, economias de Brasil, México, Chile e Colômbia estão mais organizadas porque a inflação está em um ritmo de queda mais acelerado, fruto do trabalho de seus respectivos bancos centrais.

“Você colocou o juro no lugar certo, em patamares restritivos, provocado por uma ancoragem das expectativas de inflação”, opina o gestor. “E quando você coloca juro no devido lugar e ancora as expectativas de inflação, você organiza a economia, a atividade passa a crescer, a confiança sobe e a moeda local se aprecia.”

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