
A reunião do Copom na próxima quarta-feira concentra as atenções dos investidores locais nesta semana – ao mesmo tempo em que dados do setor imobiliário, vendas no varejo, produção industrial e PMIs ficam no foco nos Estados Unidos.
A curva já precifica há algumas semanas a manutenção da taxa Selic em 10,50%, ao mesmo tempo em que já embute altas residuais nos juros até o final deste ano. Os economistas, que até semana passada ainda flertavam com um corte de 25bps, também passaram a esperar manutenção dos juros em 10,50% – justificando, inclusive, uma nova correção na Focus desta segunda-feira (17/06).
Diante disso, as discussões passaram a se concentrar em torno do provável placar da decisão. Isso porque, vale lembrar, o placar dividido da última reunião foi, junto com a mudança de meta fiscal para 2025 e 2026, um dos estopins para a piora da percepção fiscal e o aumento da desancoragem das expectativas nas últimas semanas. Assim, o melhor cenário seria um placar unânime, independente da decisão em si. Esta seria a melhor forma de se passar a mensagem de que não existe divisão política no Banco Central, algo que ficou em evidência na reunião de maio, e que, portanto, o próximo BC não será leniente com a inflação – bola que foi levantada justamente pelo fato de os diretores indicados pelo atual governo terem votado a favor de um corte maior na taxa Selic. Segundo o último levantamento do Broadcast/Agência Estado, 69% dos economistas esperam uma decisão unânime, placar parecido com outros levantamentos divulgados ao longo da última semana. Se isso se confirmar, as reações ao Copom tendem a ser positivas. Se não, certamente teremos um mercado mais estressado na próxima quinta-feira.
Outra discussão em alta é a sinalização que o BC deverá dar no comunicado: se a Selic ficar estável, eles sinalizarão um final de ciclo, ou apenas uma pausa? Do nosso lado, entendemos que a palavra pausa deverá aparecer, justamente para que as portas para que novos cortes ainda esse ano não se fechem. Se por um lado estamos em um momento em que fiscal, desancoragem das expectativas e a própria composição da inflação justificam uma pausa no ciclo de corte, por outro é preciso lembrar que o mercado precifica um início de corte de juros nos Estados Unidos a partir de setembro. O ritmo destes cortes e as próprias sinalizações dadas pelo Fed podem influenciar decisões de política monetária no final deste ano, tanto no Brasil, quanto em outros emergentes.
Em resumo, se por um lado a manutenção da taxa Selic passou a ser o cenário base, tanto da curva, quanto dos economistas, por outro ainda há muitas questões a serem esclarecidas: placar, fim de ciclo ou apenas pausa, qual avaliação do BC da situação fiscal, dentre outros, certamente concentrarão as atenções dos investidores e farão preço ao longo desta semana.
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