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Crise causada pela pandemia foi “positiva” para amadurecimento do mercado de crédito privado, dizem gestores

Crise causada pela pandemia foi “positiva” para amadurecimento do mercado de crédito privado, dizem gestores

A crise causada pela pandemia de covid-19 trouxe turbulência ao mercado de crédito privado, com abertura de spreads e com a maioria dos fundos da categoria performando mal no início do ano, contudo também teve seu lado positivo, disseram gestores do segmento, em live promovida pelo BTG Pactual nesta quinta-feira (19).

Segundo Renato Jerusalmi, co-fundador e gestor da Riza Asset Management, apesar das assets independentes perderem R$ 30 bilhões no ano, a crise serviu para trazer amadurecimento ao mercado de crédito, além de mais eficiência e liquidez.

A opinião foi compartilhada por Eduardo Alhadeff, gestor da Ibiuna Investimentos, que disse enxergar hoje uma precificação mais correta do mercado de crédito, somado a uma relação de risco/retorno mais adequada, principalmente depois da saída do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos tempos e com grandes empresas em busca de crédito.

Para Eduardo Arraes, gestor do BTG Pactual Asset Management, o momento de incertezas foi importante para investidores perceberem que também existe volatilidade no mercado de crédito, acrescentando que crises virão de tempos em tempos. “Nos últimos anos, muitos investidores entraram nessa indústria achando que não teria tanta volatilidade quanto neste ano”, afirmou Arraes. “Mesmo depois do pior momento da pandemia, houve um momento de bonança nos últimos meses, com o mercado de crédito performando muito bem.”

Ao olhar para frente, o gestor do BTG considera que o mercado mostrou diversas melhorias, com uma estrutura mais robusta para passar por novas crises, dando como exemplo a criação de novas leis feitas pelo Banco Central (BC) para regular a atuação na compra de debêntures.

Antes da crise, os spreads de crédito de high grade (alto grau de investimento) giravam em torno de CDI + 1,5% e dispararam até CDI + 5% quando eclodiu a pandemia. Atualmente, a curva voltou a fechar com o spread a CDI + 2%. O nível é considerado adequado ao atual cenário por Eduardo Arraes, que só vê um fechamento mais forte com o aumento da taxa Selic. “Quanto mais rápido a taxa de juros voltar a níveis normais, maior será o fluxo de pessoa física para a renda fixa”, apostou o gestor do BTG.

Eduardo Alhadeff ainda aponta que as grandes empresas saíram fortalecidas depois do pior momento da crise e estão preparadas para enfrentar uma eventual segunda onda de covid-19. De acordo com ele, os fundamentos da companhias brasileiras, e dos mercados emergentes em geral, são muito sólidos, principalmente após a crise de 2015, quando se desalavancaram e alongaram dívidas. “Os bancos centrais também estão preparados para intervir no mercado se for necessário, caso haja empoçamento de liquidez e uma má precificação do crédito”, completou o gestor da Ibiuna.

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