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Ponto de vista

Seria racional começar a elevar taxa de juros gradualmente a partir de maio de 2021, diz ex-diretor do BC

Seria racional começar a elevar taxa de juros gradualmente a partir de maio de 2021, diz ex-diretor do BC

Olhando para um histórico de inflação alta e atividade fraca no País, o Banco Central (BC) talvez precise fazer um ajuste posterior mais intenso se demorar para normalizar a política monetária. Pelo menos é isso o que afirmou Sergio Goldenstein, ex-diretor do BC e atualmente consultor e estrategista da OHMRESEARCH Independent Insights, em live transmitida pelo BTG Pactual nesta quarta-feira (9).

Segundo Goldenstein, seria mais racional, a partir de maio de 2021, a autarquia começar a elevar a taxa de juros de forma gradual, chegando ao final do ano que vem com a Selic entre 4,5% e 5%. “Uma taxa ainda muito estimulativa para o padrão histórico”, disse o ex-diretor do BC.

Para ele, a reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) não deverá trazer grandes novidades, mantendo a taxa básica de juros em 2% ao ano e continuando com seu forward guidance (ou prescrição futura) de que não pretende reduzir estímulos monetários. Porém, deveria tirar a menção de qualquer espaço para redução da taxa Selic.

Alexandre Soriano, head de pesquisa macroeconômica da Bahia Asset Management, seguiu a mesma linha e afirmou que a autarquia não deveria fazer uma mudança significativa no comunicado desta quarta.

Para o especialista da área macroeconômica da Bahia Asset, o BC exitará bastante em subir os juros enquanto o regime fiscal for mantido. “A parte fiscal continua tendo um peso gigante, inclusive para determinar a inflação”, disse Soriano, acrescentando que a incerteza permanece elevada.

No começo de 2021, Alexandre Soriano enxerga um embate entre o fim do auxílio emergencial, se confirmado, e a reabertura da economia, com o setor de serviços se recuperando. “Acreditamos que a atividade sentirá a retirada dos estímulos, mas em um movimento temporário, desde que se assuma um pilar fiscal minimamente aceitável”, afirmou, esperando uma leve contração da atividade no primeiro trimestre.

Com opinião semelhante, Igor Velecico, sócio e economista-chefe da Genoa Capital, destacou também a variação da PNAD Contínua, com perda de 12 milhões de pessoas ocupadas em decorrência da pandemia e, logo na sequência, a retomada de 4 milhões. “Neste ritmo, do pior momento da crise até dezembro, teremos gerado 7 milhões de empregos”, calcula Velecico. 

De acordo com ele, com alguma reabertura da economia e alguma organização das contas públicas, este estímulo irá gerar uma quantidade de emprego que pode sustentar uma massa salarial próxima ao pré-crise.

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