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AB Seed se diferencia por tese nichada de venture capital e vai em busca de captação de R$ 150 milhões para segundo fundo de investimento

AB Seed se diferencia por tese nichada de venture capital e vai em busca de captação de R$ 150 milhões para segundo fundo de investimento
Geraldo Melzer, sócio-fundador da AB Seed

Quem vê o sucesso do primeiro fundo de venture capital da AB Seed não imagina que há menos de quatro anos a empresa teve que enfrentar certo ceticismo e desconfiança até validar sua tese de investimento em um mercado que começava a dar os primeiros grandes passos no Brasil.

Tudo porque, ao contrário de outras casas brasileiras de venture capital que aportam nos mais variados segmentos como e-commerce, marketplace, fintech, entre outros exemplos, a AB Seed se diferenciou por focar em uma tese específica, voltada apenas para companhias de software no Brasil em estágio inicial, dedicada ao segmento em SaaS (software as a service) e modelos B2B que demandam capital semente (seed money). Já a tese de saída acontece nas rodadas de captação de séries B e C. “Investimos naqueles negócios que já têm clientes rodando, geram receita, mas não necessariamente estão no ponto para captar uma série A”, explica Geraldo Melzer, sócio-fundador da AB Seed, em entrevista ao B.Side Insights.

A ideia e a execução do negócio vieram depois de anos de experiência de Melzer atuando na Dell do Brasil e, principalmente, na empresa de marketing digital RD Station, disputada hoje pela Totvs e Locaweb, segundo o Estadão. A equipe ainda conta com o sócio Marcelo Hoffmann, especialista em governança corporativa e estruturação de negócios, além de Felipe Coelho e Franco Zanette, responsáveis por auxiliar na escolha das companhias.

Em 2018, o primeiro fundo da casa captou cerca de R$ 40 milhões, com tíquete mínimo inicial de R$ 500 mil, e investiu em 10 empresas. “Pelo menos metade dos nossos investimentos estão seguindo a trajetória que traçamos e avançando na velocidade ou até acima do que esperávamos”, diz Melzer, acrescentando que não houve mortalidade de nenhum dos cases do portfólio.

Prestes a iniciar uma captação de R$ 150 milhões de seu segundo produto em fevereiro, com investimento de, no mínimo, R$ 1 milhão, a AB Seed manterá a mesma tese de investimentos, mas agora conseguirá liderar um número maior de rodadas de investimento em capital semente que devem girar de R$ 3 a 8 milhões. “Vai dar mais agressividade, um número maior de negócios e uma ou duas série A, mas mantendo o centro gravitacional no estágio seed.”

Depois de olhar para mais de 700 negócios SaaS B2B no Brasil nos últimos 4 anos, a AB Seed ganhou ainda mais profundidade dentro de sua área de atuação, tornando-se uma autoridade técnica no assunto. Diante da trajetória, a empresa caminha para se tornar uma gestora que terá uma família de fundos de estágio inicial focados em SaaS no Brasil. O primeiro componente, segundo Melzer, é manter a tese no modelo de negócio, no qual tem um lastro de conhecimento, networking, visão e profundidade. “Quem sabe a captação do próximo fundo não seja de R$ 250 milhões”, projeta o sócio.

Por que o mercado de SaaS?

Segundo Melzer, o Brasil tem um atraso de 5 a 10 anos para o mercado dos Estados Unidos. E lá fora, nos últimos três anos, a alocação em software na nuvem – na qual o SaaS também está inserido – foi de quase 50% do volume investido em venture capital, de acordo com dados da Bessemer Venture Partners, empresa americana de capital de risco. No mercado doméstico, os investimentos em venture capital vêm batendo recordes, com aporte de US$ 3,14 bilhões em 2020, acima dos US$ 2,96 bilhões de 2019. Para se ter uma ideia, em 2013 os números não passavam dos US$ 50 milhões.

Diante desse cenário, a AB Seed enxerga que o crescimento do volume de negócios e um ecossistema mais sofisticado no Brasil devem ir de encontro ao maior interesse natural dos investidores pelas empresas de SaaS. “O mercado cresceu muito e mesmo uma tese como a nossa, nichada e específica, atrai bastante interesse”, afirma Melzer. 

Maiores apostas do portfólio da AB Seed


Das dez empresas que a AB Seed já investiu em seu primeiro fundo, duas se destacaram em uma trajetória de crescimento acima da média: Aegro e Movidesk. A primeira oferece um software de gestão agrícola, enquanto a segunda disponibiliza um software com recursos customizáveis que se adequam aos processos de cada empresa. “São negócios com grande potencial de terem rodadas muito expressivas e ir para uma trajetória gigantesca de crescimento”, diz o sócio, não descartando a possibilidade de as companhias se tornarem um unicórnio (com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão) no futuro.

No momento em que foi investido o capital semente da AB Seed na Aegro, a empresa tinha R$ 5 mil de receita recorrente mensal (MRR) e cerca de 15 a 20 clientes. Atualmente, o MRR da companhia está beirando R$ 1 milhão de receita e possui milhares de clientes.

Já a Movidesk tinha menos de R$ 100 mil de receita recorrente mensal no momento da entrada da AB Seed e agora está ultrapassando quase R$ 2,5 milhões por mês. A empresa, inclusive, já tem um marketshare maior do que a Freshdesk no Brasil. O negócio, inclusive, cresce de 8% a 10% mensalmente nos últimos anos e tem uma taxa de cancelamento (taxa de churn) negativa, ou seja, a receita do dinheiro que vai embora por clientes que cancelaram o serviço é menor do que a receita de upsell, uma métrica que comprova a saúde do negócio.

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