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Ações de Eletrobras retornam aos preços de maio, mas BTG ainda vê potencial de valorização para a estatal

Ações de Eletrobras retornam aos preços de maio, mas BTG ainda vê potencial de valorização para a estatal
Foto: Agência Brasil

Enquanto o mercado nacional permanecia fechado por conta do feriado do aniversário de São Paulo, a notícia de renúncia do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, no domingo chacoalhava os papéis da empresa no exterior. Ontem, as ADRs da companhia elétrica fecharam com queda superior a 11% em Nova York. Refletindo o mau humor lá fora, os papéis PNB e ON de Eletrobras também sofreram no início da sessão desta terça-feira, sendo negociados abaixo dos R$ 28, em níveis não vistos desde maio do ano passado. No entanto, o ritmo de baixa arrefeceu depois de o presidente Jair Bolsonaro reafirmar o compromisso com uma agenda de privatizações.

Apesar da tensão sobre as ações da estatal, a visão do BTG Pactual se mantém positiva para a empresa mesmo com a saída de Ferreira Junior, que ocupava o cargo desde 2016 e era uma das principais vozes favoráveis à privatização da companhia. O executivo vai se manter à frente da empresa até o dia 5 de março para depois assumir o comando da BR Distribuidora. O meio político coloca o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, – outro entusiasta da privatização da empresa – como favorito para assumir o cargo. No entanto, quem poderia assumir o Ministério seria o senador Eduard Braga (MDB-AM), que já ocupou o posto e é contrário à venda da estatal.

O banco segue com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 63 em 12 meses para Eletrobras PNB, destacando que Wilson Ferreira Junior foi o responsável por um turnaround (processo de recuperação) sem precedentes, cortando custos e tornando a operação mais eficiente, apesar de a empresa ainda estar para trás quando comparada aos pares do setor privado. A privatização da Eletrobras ganhou relevância no noticiário nos últimos tempos, contudo o movimento sempre foi considerado complexo por conta do Congresso brasileiro.

Agora, com o futuro ainda mais incerto, os papéis preferenciais da companhia elétrica se mostram como uma opção mais segura, já que fornecem mais proteção por seus dividendos diante do negócio com uma maior previsibilidade de fluxo de caixa. Entre os principais riscos, o BTG afirma que a Eletrobras pode passar por um processo semelhante ao que aconteceu com a Sabesp, que entrou em queda livre depois da aprovação do Marco Legal do Saneamento, tornando-se um “peso morto” no mercado acionário.

Peso político sobre as estatais em 2021

Na semana passada, a Eletrobras já havia sido penalizada pelo mercado depois de declarações do candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que afirmou que a privatização da estatal não era uma de suas prioridades. Os papéis da empresa recuaram no período mais de 11%.

Antes disso, outras sinalizações, como a saída de Salim Mattar do governo como secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, do Ministério da Economia, também indicavam a complexidade da pauta. Hoje, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Mattar afirmou que a saída de Wilson Ferreira da Eletrobras foi mais uma amostra de que o establishment, que engloba os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, trabalha contra a redução do Estado.

Além da Eletrobras, as ações de Banco do Brasil e de Sanepar também sofreram pelo noticiário político em 2021. O banco registrou queda de mais de 3% após a notícia de possível demissão do presidente do BB, André Brandão, depois de anunciar medidas de reestruturação como fechamento de agências bancárias e um programa de demissão voluntária (PDV). Já a empresa de saneamento foi prejudicada em mais de 10% na primeira semana do ano, após a Agepar, órgão regulador do setor no Paraná, reduzir o reajuste de tarifas referentes a 2020 de 9,32% para 5,11%, além de trocar o IGP-M pelo IPCA como indexador de inflação.

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