B.Side Insights

Ponto de vista

Open banking ajudará escritórios a oferecer uma assessoria de investimento mais eficiente, aponta Marcelo Flora, head do BTG Pactual digital

Open banking ajudará escritórios a oferecer uma assessoria de investimento mais eficiente, aponta Marcelo Flora, head do BTG Pactual digital
Marcelo Flora, head do BTG Pactual digital

No início do mês passado, o Banco Central deu início à primeira fase do open banking (ou sistema financeiro aberto), que nada mais é do que um conjunto de regras e tecnologias que permite que um cliente possa compartilhar seus dados, mediante autorização, com outras instituições financeiras, mesmo aquelas que não tenha nenhum tipo de relacionamento.

Com um sistema financeiro ainda muito concentrado em cinco grandes bancos de varejo que controlam 90% da riqueza das famílias brasileiras, o fenômeno do open banking chega para aumentar ainda mais a concorrência entre os players do setor e trazer o cliente ao centro da discussão, o tornando o verdadeiro dono de seus próprios dados.

Na medida em que os dados se tornam de propriedade dos clientes, o trabalho do BTG Pactual tende a ser bastante facilitado, já que há uma redução na barreira de entrada, tornando o processo de abertura de contas mais ágil e, naturalmente, o custo tendendo a ser reduzido.

“Os dados são do cliente e não da instituição financeira”, afirma Marcelo Flora, head do BTG Pactual digital, em entrevista exclusiva ao B.Side Insights. “A tendência é que haja muito menos atrito na migração dos investimentos e isso economiza tempo, não só do próprio cliente, mas também da instituição financeira com a qual ele irá querer se relacionar.”

Além do open banking, Flora afirma que outros fenômenos que vêm acontecendo no cenário brasileiro também contribuem para a aceleração dos negócios digitais, sendo o principal deles o financial deepening, nome dado ao aumento de sofisticação do mercado financeiro e de capitais, com um número cada vez maior de investidores e de produtos e serviços financeiros, causado, principalmente, pela rápida diminuição das taxas de juros, que passaram de 14,25% no final de 2016 para o atual patamar de 2% ao ano.

Outra ferramenta relatada por Flora que se tornou um grande sucesso, não só por clientes do BTG, como dos brasileiros em geral, foi o Pix. O grande volume de utilização do meio de pagamento eletrônico, inclusive, já superou a utilização de TEDs e DOCs somados. “Acredito que o open banking vai pelo mesmo caminho do Pix à medida que os clientes e a sociedade perceberem as vantagens que traz”, diz Flora.

Escritórios de assessoria de investimento também serão beneficiados

Com barreiras de entrada menores para iniciar um relacionamento com clientes, os escritórios de assessoria de investimento também se beneficiarão do novo movimento, principalmente pela quarta fase do open banking, chamada de open finance, etapa na qual as empresas poderão compartilhar dados relacionados a produtos de investimento, previdência, seguros, entre outros. “Com o open banking, os escritórios vão consumir essas informações direto na fonte e, tendo acesso a todas as informações, poderão oferecer uma assessoria de investimentos ainda mais eficiente”, afirma Flora.

De acordo com o head do BTG Pactual digital, os assessores de investimento terão ferramentas mais precisas para olhar para o portfólio do cliente, elevando o nível das conversas e a eficiência na prestação do serviço. “Muitas vezes, até pelo próprio desconhecimento ou por outro fator, você vai conversar com um cliente e ele não lembra exatamente qual volume tem investido em determinado ativo, não conhece as características do ativo ou não lembra direito qual é realmente o ativo que tem na carteira”, aponta Flora, adicionando que o open banking acaba com o espaço para erros ou imprecisões. 

O executivo afirma que o movimento do open banking, inclusive, também será mais um motivo adicional para acelerar a migração de profissionais para escritórios de agentes autônomos de investimento, que atualmente contam com cerca de 11 mil assessores no Brasil. “A maior parte dos agentes autônomos são ex-bancários ou ex-profissionais vinculados a instituições financeiras que tomaram a decisão de mudar de ares ao perceber que o mundo está se modificando muito rápido.”

Open banking deixará o crédito mais barato 

Um dos benefícios que os consumidores terão com o open banking é a tendência de acesso a crédito e serviços bancários mais baratos. O crédito, por exemplo, já teve uma forte redução nominal em um passado recente por conta da própria queda da taxa de juros e da redução da atuação do BNDES no mercado.

“O open banking trará uma redução para os spreads bancários e para o próprio negócio de investimento sem barreiras de entrada. Conseguiremos oferecer produtos de qualidade por um preço mais justo e mais barato do que vem sendo ofertado hoje pelos grandes bancos de varejo”, projeta Flora.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Artigo anterior B.Side Daily Report: bolsas globais sobem com avanços de negociação de pacote fiscal nos EUA
Próxima artigo Fechamento B.Side: Ibovespa tem dia de recuperação com exterior positivo, mas perde fôlego com notícia de tributação dos bancos; dólar se mantém estável a R$ 5,60