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Parceria entre Kinvo e BTG tem como objetivo sofisticar relacionamento do assessor de investimento com seus clientes

Parceria entre Kinvo e BTG tem como objetivo sofisticar relacionamento do assessor de investimento com seus clientes

Na semana passada, o BTG Pactual anunciou a compra da plataforma de consolidação de investimentos Kinvo por R$ 72 milhões. Um dos objetivos da transação é dar aos escritórios de assessoria de investimento vinculados ao banco uma ferramenta adicional para prestar um serviço ainda mais sofisticado, com elementos mais precisos para análise.

Há a expectativa de que a partir de abril, após a integração total com a base do BTG, o cliente possa acompanhar com mais facilidade o desempenho da carteira, a evolução do patrimônio, projetar rentabilidade, além de também ter a opção de realizar aplicações e resgates no próprio aplicativo. Já os assessores terão soluções adicionais e informações não só de consolidação para prestar um suporte de excelência.

Atualmente com cerca de R$ 120 bilhões em carteiras consolidadas, o Kinvo estima alcançar o valor de até R$ 300 bilhões no curto prazo depois da parceria.

Em entrevista para o B.Side Insights, Moacy Veiga, sócio-fundador e CEO do Kinvo, afirma que esse é ainda um pequeno passo diante de um oceano de oportunidades no Brasil, com um mercado financeiro longe da sua maturidade no âmbito tecnológico e sem nenhuma grande experiência de tecnologia em outra camada mais profunda.

“Lá fora, há robôs advisors gerindo trilhões de dólares e aqui no Brasil isso ainda está muito distante de acontecer. Mas esse movimento dará para os agentes autônomos um papel mais importante do que só alocar, mas também ajudar o cliente a tomar decisões certas, e isso não engloba só investimentos”, diz Veiga.

Próximos passos para o Kinvo

Segundo Veiga, o tema da consolidação de carteiras já começou a entrar em um processo de commodity e, em breve, todas as instituições terão algum tipo de ferramenta disponível. Sendo assim, um aplicativo que só faz isso não será mais um diferencial para ninguém.

Assim, o Kinvo já se prepara para um novo ciclo de seus negócios: conseguir fazer a logística do dinheiro e mapear a jornada inteira do cliente. “Se eu sou bom em usabilidade, preciso aproveitar isso para que a experiência desse cliente que não tem nenhum conhecimento seja a melhor possível”, afirma.

Um outro ponto fundamental para o negócio com o BTG, de acordo com o executivo, foi a implementação do open banking e, consequentemente, do open finance, iniciativa do Banco Central para que o cliente se torne dono de seus dados bancários e financeiros. Na atual regulação, o novo sistema é restrito apenas a instituições financeiras e ainda não disponível para startups, a não ser que haja alguma relação comercial entre eles.

“Acredito que open banking ainda vai demorar um pouco no Brasil, ganhando corpo em, no mínimo, dois anos. Estamos nos antecipando a tudo isso”, afirma o CEO do Kinvo.

Selic baixa contribui para transferência do capital

Olhando para o histórico de países desenvolvidos, taxas de juros reais negativas foram um grande gatilho para a transferência do dinheiro das mãos de grandes bancos para casas independentes. 

E Moacy Veiga enxerga que o mesmo movimento vai acontecer em uma velocidade cada vez maior por aqui, com a tecnologia tendo um papel fundamental nisso. Segundo suas estimativas, os “bancões” detêm atualmente cerca de R$ 5 trilhões e 85% das fortunas, contudo este número vem caindo em ritmo considerável. “Esse número deve começar a se equilibrar nos próximos 5 anos  e pelo menos metade em outras instituições”, projeta, acrescentando que o BTG, por exemplo, registra recordes de captação recorrentes..

O executivo diz que, apesar do ciclo de alta dos juros, a Selic deve permanecer entre 5% e 6% ao ano, patamar que vai levar de volta investidores para a renda fixa, mas em quantidade muito menor do que no passado, dando prosseguimento ao processo do brasileiro de buscar outras alternativas.

História do Kinvo e de Moacy Veiga

O empresário baiano Moacy Veiga está ligado ao mercado financeiro e ao mundo do empreendedorismo desde cedo.

Antes mesmo de vender sua Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) para o Grupo Azimut em 2016, ele atuou por mais de uma década como scalper trader, operando alta frequência, derivativos e opções. No entanto, pesou a vontade de gerar valor e ganhar dinheiro por meio do equity.

Aproveitando sua familiaridade com o mundo da tecnologia, Moacy Veiga desenvolveu um aplicativo para oferecer a um público de varejo aquilo que só era oferecido aos investidores do segmento private.

Segundo ele, o Kinvo fez um “MVP de livro” e logo conquistou 3 mil usuários nos primeiros meses, gerando a confiança necessária de que o negócio tinha uma tração maior do que o imaginado. Seis meses depois o aplicativo já estava no ar e o faturamento também já começou a acontecer desde o primeiro dia.

No ano passado, a empresa conseguiu triplicar de tamanho em plena pandemia, tanto em número de funcionários quanto em faturamento, fato que chamou a atenção do BTG e de outros players do mercado.

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