B.Side Insights

Ponto de vista

Após IPO de Espaçolaser, SMZTO já mira segunda abertura de capital em seu portfólio

Após IPO de Espaçolaser, SMZTO já mira segunda abertura de capital em seu portfólio

No primeiro dia de fevereiro, a Espaçolaser, a maior rede de depilação a laser no mundo, estreou na B3 em uma oferta que captou R$ 2,64 bilhões. Mas, por pouco a empresa não tomou rumos diferentes.

Antes da pandemia, a Espaçolaser tinha conversas avançadas com dois fundos de private equity para realizar uma rodada privada de captação, contudo as negociações foram suspensas pela incerteza que o novo coronavírus gerou globalmente.

Com um plano estratégico de crescimento e com caixa, a companhia resolveu aproveitar o momento favorável que se apresenta, com o mercado comprador, para fazer sua abertura de capital.

“Foi simplesmente uma opção estratégica, como uma alternativa interessante que surgiu”, afirma Bruno Semenzato, diretor-geral da holding SMZTO, um dos acionistas majoritários da Espaçolaser, em entrevista para o B.Side Insights. “Continuamos empolgados e com uma posição relevante. Temos a intenção de continuar com a companhia por mais 10 ou 15 anos, no mínimo.”

Após o IPO da Espaçolaser, há outros dois negócios também em estágio avançado, de acordo com Semenzato, sendo que um deles também tem a possibilidade de abrir seu capital em um futuro próximo.

O primeiro (e principal aposta) é a OdontoCompany, a maior rede de clínicas odontológicas do mundo, que, segundo ele, tem um ritmo de crescimento semelhante ao da Espaçolaser e com um potencial até maior por estar em um setor mais amplo e desassistido no Brasil. 

Com mais de 1200 clínicas no Brasil, a companhia, apesar de gerar muito caixa e não estar precisando de capital neste momento, pode ir ao mercado provavelmente em 2022. “Se não for IPO, teremos uma outra rodada para adquirir mais players. Estamos deixando a empresa pronta para alçar voos maiores”, afirma o executivo da SMZTO.

O outro “fenômeno de crescimento” do portfólio é a Oakberry, que tinha no começo de 2019 cerca de 60 lojas e, após a entrada da holding de franquias, está atualmente com 350 unidades, principalmente pelo crescimento fora do País. “A Oakberry está em 15 países e já conta com mais de 40 unidades no exterior, se destacando na Austrália e nos Emirados Árabes”, diz Semenzato.

SMZTO vende mais de 700 franquias em 2020

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia desde o primeiro trimestre de 2020, as franquias da SMZTO conseguiram surfar bem o período de crise, com apenas 15 lojas sendo fechadas e com um recorde histórico de vendas de 726 novas unidades. Uma explicação para isso é que os brasileiros estão buscando o “lado B” dos investimentos e apostando na economia real, diante de um fenômeno de juros baixos pelo qual o Brasil vem passando.

Para superar a turbulência, a SMZTO teve competência aliada a um pouco de sorte, segundo o próprio Bruno Semenzato. A empresa estava com bastante caixa e as companhias do portfólio vinham de períodos muito bons antes da pandemia, entregando um retorno anual de quase 40% nos últimos anos. “Conseguimos estar bem posicionados e com liquidez para fazer ótimos investimentos.”

Atualmente, a SMZTO conta com 14 empresas no portfólio, mais de 2800 franquias ativas e outras 800 contratadas em processo de implantação.

Tese de investimento

A SMZTO se autodenomina como uma firma de investimentos mega nichada e que só faz uma única coisa: investe em empresas que tenham história de franquias. Quais? Aquelas em estágio inicial (próximo do que seria uma rodada de Series A) e com possibilidade de ter escala de centenas de lojas. 

Por ter uma cabeça de longuíssimo prazo, a holding oferece um cheque entre R$ 5 e 15 milhões para, geralmente, entrar no negócio como um acionista minoritário relevante (com cerca de 30% e 40% da empresa), tendo a possibilidade de comprar uma participação maior, mas não necessariamente ter o controle da companhia. “Podemos ficar 30 anos na mesma empresa se ainda enxergarmos valor”, afirma Semenzato, ressaltando que nunca venderam 100% de nenhuma empresa.

Ele ainda complementa que não há concorrência no setor, porque quem investe nesse tipo de empresa está olhando só para venture capital ou startups de tecnologia. “Encontramos em um nicho de mercado que não é atendido por um simples motivo: porque dá muito trabalho e muita gente não tem conhecimento e sinergia para trazer para esses negócios que têm 20 a 30 unidades, mas está precisando de um empurrão para ser escalado”, explica o executivo da holding.

Para Bruno, investir em franquias é sinônimo de aplicar capital em empresas que já provaram que têm um modelo de negócio atrativo. “A lógica é simples: se há mais pessoas querendo aportar capital e replicar seu modelo, é um sinal de que alguma coisa certa você está fazendo.”

Lado B de Bruno Semenzato no mundo do tênis

Quem ouve o sobrenome Semenzato logo o remete a José Carlos Semenzato, bilionário brasileiro que construiu um verdadeiro império no mundo das franquias. 

Mas, hoje, quem toca o dia a dia da holding SMZTO é seu filho, Bruno Semenzato, que, inclusive, foi um dos maiores responsáveis por profissionalizar a empresa e a tirar do patamar familiar. 

Bruno Semenzato, diretor-geral da SMZTO

No começo de 2021, em uma transição de seis meses, Bruno conquistou total autonomia para conduzir os negócios, enquanto o pai José Carlos subiu para a cadeira do conselho do grupo.

Mas, antes mesmo de trilhar a carreira no mundo do empreendedorismo, Bruno Semenzato chegou a jogar profissionalmente tênis.

A paixão pelo esporte iniciou quando tinha cerca de 10 anos na cidade de Rio Preto, no interior de São Paulo, pouco depois dele ter se mudado de Lins, outro município paulista e lugar onde nasceu. 

Após ter se destacado em alguns campeonatos regionais, surgiu a grande oportunidade de sua curta carreira como atleta quando se juntou para treinar com Larri Passos, ex-técnico de Gustavo Kuerten, em Balneário Camboriú (SC).

Entre rotinas de treinos diários que duravam entre 6h e 7h, Semenzato seguiu em posição de destaque ao ficar sempre entre os três primeiros do ranking do Brasil em categorias de base, além do top 100 mundial até completar 18 anos.

Depois de um ano sabático para jogar tênis profissional, aflorou em Bruno a vontade de também descobrir outras atividades que não fossem ligadas ao esporte. Motivado por um amigo, ele foi fazer faculdade de Economia e Políticas Públicas na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e seguiu jogando tênis pela escola.

No último ano de faculdade, fez um estágio no mercado financeiro em Nova York no fundo de private equity Wolfensohn Fund Management, que na época tinha pouco mais de US$ 1 bilhão sob gestão.

Ao terminar os estudos, Semenzato tinha três caminhos: trabalhar em empresas grandes, no mercado financeiro ou junto da família. Os 10 anos longe de casa pesaram e aceitou a “proposta” do pai, mas apenas com uma condição: que ele tivesse liberdade para montar um time e criar uma cultura com seu estilo próprio. 

E se queria provar que poderia colocar suas impressões na empresa do pai, os resultados falam por si só.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Artigo anterior B.Side Daily Report: bolsas globais não definem sinal único; mercado doméstico tem novas discussões sobre Orçamento
Próxima artigo Fechamento B.Side: cenário fiscal brasileiro faz dólar avançar a R$; Ibovespa retoma 115 mil pontos