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Ponto de vista

Seguro de vida pode ser utilizado como ferramenta de sucessão para investidor private

Seguro de vida pode ser utilizado como ferramenta de sucessão para investidor private

Um seguro de vida faz sentido para um investidor private, que já possui um patrimônio considerável? A resposta é depende, segundo Fernando Brito, sócio e responsável pela área de vida na corretora de seguros Globus.

Ele explica que o público private não precisa especificamente da indenização do seguro, mas pode eventualmente ter benefícios jurídicos e tributários que essa estrutura entrega em relação a outros produtos que compõem sua carteira pensando em uma sucessão patrimonial.

Quando alguém falece e deixa bens, é necessário verificar quem tem o direito ao patrimônio dessa pessoa. E a maneira de regularizar a situação é por meio do processo de inventário e partilha com o objetivo de formalizar a transmissão dos bens do falecido para seus sucessores. O procedimento não costuma ser rápido e os custos de transmissão podem ultrapassar 10%, o que pode ser caro no curto prazo e necessitar de uma liquidez imediata disponível entre os herdeiros para a eventual sucessão.

“O seguro de vida trará um dinheiro que o patrimônio não está preparado para entregar na sua sucessão”, diz Brito em entrevista ao B.Side Insights, acrescentando que o seguro legalmente tem que ser pago em 30 dias, mas que o prazo tende a ser menor. “Só faz sentido o investidor private ter seguro de vida se tiver essa parte (de sucessão) defasada. Caso já tenha isso resolvido, não faz sentido, exceto caso deseje entregar mais liquidez aos herdeiros com benefícios fiscais.”

Para escolher um bom seguro de vida e não cair em “ciladas”, Brito aconselha todos os seus clientes a responderem apenas duas perguntas. A primeira é qual o valor que o cliente precisa e a segunda é qual o prazo de sua necessidade. Ele, inclusive, alerta para os seguros que são renovados ano a ano, com o risco de tornar os valores impagáveis de tão caros com as atualizações por faixa etária. O mais recomendável é ter o prazo do contrato na apólice.

“Se eu defino na entrada o tempo de contrato, eu cravo a probabilidade. Logo a minha parcela será a mesma do início ao fim. Se fizer isso, você consegue fugir de 90% das pegadinhas”, afirma.

Brasileiro dá mais atenção ao seguro de vida em época de pandemia

De acordo com estatísticas da Fenaprev, o ano de 2020 terminou com uma arrecadação de prêmio de R$ 45 bilhões em seguros voltados a acidentes ou falecimento. Quando comparado ao PIB brasileiro, de cerca de R$ 7,4 trilhões, o número representa 0,6% dos bens e serviços produzidos pelo País. No exterior, a soma gira em torno de 5% a 7%.

No entanto, o dado que chama atenção é o aumento de quase 30% no valor destinado a seguros de vida individuais, o que na visão de Brito é um efeito da pandemia de covid-19. De acordo com ele, as escolhas feitas com pressa tendem a gerar um número maior de decisões equivocadas. 

“O brasileiro se movimenta quando dói no bolso ou quando sente muito medo. Então não necessariamente uma elevação de 29% de um ano para o outro são prêmio ‘positivos’ no sentido de qualidade de produto”, opina Brito.

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