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Haverá uma segunda onda de inflação ainda mais perigosa no ano que vem, afirma Luca Paolini, estrategista-chefe da Pictet

Haverá uma segunda onda de inflação ainda mais perigosa no ano que vem, afirma Luca Paolini, estrategista-chefe da Pictet
Luca Paolini, estrategista-chefe da Pictet

Diante de uma discussão global a respeito de quanto tempo irão durar as pressões inflacionárias dos Estados Unidos, Luca Paolini, estrategista-chefe da Pictet, gestora suíça com mais de US$ 180 bilhões sob gestão, alertou para a possibilidade de haver uma segunda onda de inflação no país “ainda mais perigosa” no ano que vem.

“Talvez o mercado seja pego de surpresa”, afirmou Paolini, em participação na 3ª edição do evento Global Managers Conference, promovido pelo BTG Pactual.

O estrategista-chefe da Pictet ainda disse que trabalha com um cenário no qual a economia global passará por uma recuperação sólida que irá durar alguns anos, apoiada por uma quantidade massiva de estímulos, que representam atualmente 16% do PIB em mercados desenvolvidos. “A economia está seguindo seus fundamentos e o desafio que nós temos é a inflação”, analisou Paolini.

Com opinião contrária, Rob Almeida, estrategista de investimentos globais da MFS, gestora americana com mais de US$ 450 bilhões sob gestão, disse que uma vez que os benefícios do governo americano sumirem, não haverá um crescimento de renda que sustente essas pressões inflacionárias. “Acredito que elas irão sumir”, opinou Almeida.

Rob Almeida, estrategista de investimentos globais da MFS

Segundo o estrategista da MFS, quando efeito dos estímulos forem dissipados, todos os problemas que víamos antes da pandemia voltarão à tona como empresas com um alto endividamento e uma demografia que vinha causando um impacto deflacionário no mundo ao longo dos últimos sete ou oito anos. 

“Em uma recessão, temos que eliminar devidamente os excessos daquilo que estava errado no ciclo passado e isso não aconteceu”, afirmou Almeida.

Atuação do Fed

De acordo com Luca Paolini, o mercado também poderá ter uma surpresa em relação à postura do Federal Reserve, o banco central americano. Para ele, o Fed deverá promover um aumento de juros no final de 2022, cenário que investidores já vêm precificando, mas em um grau de estímulo mais elevado. “Eu acho que quando o Fed começar a elevar (os juros), ele vai aumentar mais do que o esperado”, afirmou o estrategista da Pictet.

Já Rob Almeida alertou para uma visão de “novos investidores” que ingressaram no mercado financeiro a partir de 2008 de que os bancos centrais possam gerar riqueza. “Eles podem criar dinheiro, mas não riqueza”, explicou, pregando cautela para o nível de compras das instituições monetárias ao redor do mundo. “Todos os bancos centrais compram US$ 1 bilhão a cada hora nos últimos meses. Teremos ativos cujos preços sofrerão.”

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