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Acabou o grande “boom” dos Estados Unidos, afirma CIO da O3 Capital

Acabou o grande “boom” dos Estados Unidos, afirma CIO da O3 Capital
Daniel Mathias, CIO da O3 Capital

Depois de um primeiro semestre de 2021 forte para a economia americana, apoiada por um pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, uma política monetária ultra expansionista, ritmo de vacinação acelerado e reabertura econômica, o momento ultra cíclico dos Estados Unidos está começando a chegar ao topo. Sendo assim, a maior economia do mundo deve passar a um nível de crescimento um pouco mais “natural” a partir da segunda metade do ano. Pelo menos é isso o que afirma Daniel Mathias, CIO da O3 Capital.

“Acabou o grande ‘boom’ dos Estados Unidos, na minha visão”, afirma Mathias em entrevista ao B.Side Insights.

Outro fator importante destacado pelo CIO da O3 foi a mudança recente de postura do Federal Reserve, o banco central americano. Segundo ele, a política monetária do Fed ainda está ultra expansionista, mas o presidente da instituição, Jerome Powell, já comunicou que está pensando em retirar estímulos por conta da inflação americana estar surpreendendo para cima.

“Apesar de ter vários fatores transitórios nos dados de inflação americanos, ainda assim é uma inflação rodando a 5% em 12 meses”, alerta Mathias, destacando que a grande discussão no momento é sobre se a inflação é transitória ou não, ou quanto ela pode durar. “A inflação é transitória até o dia que não é mais transitória.”

Esta recente mudança de postura do Fed, inclusive, é vista como positiva por Daniel Mathias, já que antes o banco central americano dava a impressão de que estava leniente em relação à inflação. Mas as últimas projeções de membros da instituição já antecipando para 2023 o aumento da taxa de juros estão corrigindo os rumos do mercado.

“Acredito que isso seja uma boa política monetária, porque se ele (Fed) se mantivesse tapando o sol com a peneira, o mercado iria punir e contaminar as expectativas, fazendo que a inflação tivesse um efeito mais permanente”, afirma o gestor, adicionando que estudos econométricos dizem que por volta de 50% ou mais da inflação futura é baseada nas expectativas. “Então o Fed está preocupado em manter a expectativa ancorada.”

O CIO da O3 ainda se diz receoso apenas com um cenário, que segundo ele ainda está muito distante, que seria uma inflação mais permanente que dispararia a ponto de o Fed ter que realizar um aperto monetário forte, gerando um problema grande de alavancagem e custo de dívida.

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