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Quem está chancelando nossos investimentos são os maiores fundos do mundo, afirma G2D

Quem está chancelando nossos investimentos são os maiores fundos do mundo, afirma G2D
Carlos Pessoa, Diretor de Relações com Investidores da G2D Investments

A G2D Investments, holding de investimentos em tecnologia da GP Investiments, realizou seu IPO há menos de três meses na B3. A companhia listou BRDs sob o ticker de G2DI33, já que sua sede fica em Bermudas.

Desde maio de 2021, a companhia, que conta com um portfólio de mais de 30 empresas nas mais diversas geografias (Brasil, EUA e Europa), já aumentou seu patrimônio líquido em quase 70%, atualmente em R$ 1,1 bilhão. No entanto, os papéis na Bolsa ainda não acompanharam os resultados recentes da empresa, que registram uma valorização superior a 8% em pouco menos de três meses.

Segundo Carlos Pessoa, Diretor de Relações com Investidores da G2D, o mundo de venture capital (ou capital de risco) era restrito somente a um grupo muito seleto de investidores globais e agora qualquer investidor pessoa física pode acessar um portfólio equivalente aos melhores fundos e assets.

E no caso da G2D, isso pode ser feito de maneira global, já que mais da metade do portfólio está fora do Brasil. O objetivo da companhia é alocar o dinheiro onde está a melhor oportunidade, sem ter a restrição geográfica que eventualmente um regulamento de fundo poderia impor.

Além disso, podemos listar como benefícios a liquidez, governança e dolarização da carteira do investidor por ser um ativo global. Contudo, o principal diferencial tem a ver com a questão da diversificação de um portfólio com empresas com alto potencial de crescimento em um estágio pré-IPO.

Confira abaixo a entrevista completa de Carlos Pessoa, Diretor de Relações com Investidores da G2D, ao B.Side Insights:

A G2D Investiments é uma espécie de venture capital para o investidor pessoa física?

Talvez nosso IPO tenha sido um dos movimentos mais disruptivos da B3 nos últimos anos, porque realmente quebramos um paradigma de que pessoa física não conseguia acessar esse tipo de investimento e agora consegue via G2D. Nos definimos como se fossemos um ETF de empresas globais de alto crescimento em tecnologia. Não somos um fundo de venture capital, mas sim uma empresa de investimentos. Só temos caixa e ativos que investimos.

Inclusive, já temos oito unicórnios (companhias que têm um valor de mercado acima de US$ 1 bilhão) no portfólio, sendo dois na América Latina e seis nos Estados Unidos.

Quem faz a avaliação das empresas?

Temos um time de 50 profissionais espalhados pelo mundo, dedicados a ir atrás dessas oportunidades. Um time no Vale do Silício, em Londres, em Nova York e aqui no Brasil. Esse time global busca, avalia, investe e acompanha essas companhias que nós investimos.

Em média, o portfólio da G2D tem crescido em faturamento 140% ao ano.

E não investimos em startups, mas em companhias um pouco mais maduras, que faturam dezenas de milhões de reais. Sendo assim, acreditamos que estamos investindo em um patamar onde o risco/retorno é muito mais atraente, porque não corremos o risco inerente a uma startup que está desbravando um mercado novo ou está testando uma tecnologia.

E o que fez a companhia passar de um Net Asset Value (NAV) – ou valor patrimonial líquido – de R$ 669 milhões desde o IPO para R$ 1,1 bilhão atualmente?

Crescemos nosso patrimônio líquido em quase 70% por conta de 4 eventos de marcação a mercado:
1) A Coinbase fez o IPO, então vendemos 100% das nossas ações e tivemos um retorno de 33x do nosso capital investido nesta operação.
2) O Mercado Bitcoin, que investimos em janeiro de 2021, teve um investimento do Softbank e multiplicaram nosso dinheiro em seis meses por 19x.
3) A Blu, fintech brasileira, recebeu R$ 300 milhões da Warburg Pincus, um dos maiores fundos globais, e multiplicou a participação da G2D em 4x em relação ao balanço de março de 2021.
4) A Notco, foodtech chilena, teve o investimento do family office de Jeff Bezos entrando na mesma rodada que a gente. Na última rodada houve investimento da Tiger, um dos maiores fundos globais, e de várias pessoas físicas notáveis como Roger Federer, Lewis Hamilton e um dos fundadores do Twitter. Assim, multiplicamos nosso capital por 10x.

O mercado ainda não precificou corretamente a G2D na Bolsa? Como a companhia vai remunerar o acionista?

Estamos falando de G2D no mercado há apenas 45 dias, já que no primeiro mês estávamos no período de silêncio (imposto pela CVM). Somos uma small cap, então estamos “educando” o mercado. Já temos quase 6 mil pessoas físicas no papel, algumas assets grandes montando posição e começou a cobertura recente de casas de análise.

Hoje, nosso NAV por ação já é de R$ 10,67 – enquanto o papel é negociado a pouco mais de R$ 7 na B3. O mercado ainda não entendeu de maneira geral o que estamos fazendo, então há um
desconto massivo, na nossa opinião. No primeiro momento, estamos montando um veículo de investimento global de cerca de US$ 200 milhões a partir do Brasil, com as melhores oportunidades do mundo. Mas precisamos de um veículo de alguns bilhões de reais para começarmos a ser relevante. Hoje deixamos muitas oportunidades passarem simplesmente porque não temos capital.

Em algum momento, se tivermos muita liquidez e muito caixa na G2D e não tiver um uso claro daquele recurso, poderemos fazer sim uma distribuição extraordinária de dividendos, mas queremos primeiro aumentar o tamanho do bolo. Ainda somos muito pequenos perto da nossa ambição de ser um veículo de peso globalmente.

Há alguma preocupação da G2D com o tema ESG?

Sim, temos uma agenda ESG forte, tendo boa parte do portfólio em linha com essas questões. Não estamos pegando empresas que estão fazendo coisas da “modinha”, mas navegando tendências seculares. Os adolescentes de hoje serão os consumidores de amanhã. Essa é nossa visão de longo prazo.

Por qual motivo a G2D tem a sede em Bermudas?

Como mais da metade do nosso portfólio é de fora do País, fica mais fácil você investir com uma sede fora do Brasil. Outro ponto é uma questão de eficiência tributária. Quando vendemos as
participações em algumas companhias, esse dinheiro volta e não é tributado. E como vamos reinvestir esse dinheiro, temos uma eficiência e conseguimos investir mais. Além disso, boa parte das maiores seguradoras dos Estados Unidos estão sediadas em Bermudas.

Poderia comentar a tese de investimento no Mercado Bitcoin?

Investimos em Coinbase menos de três anos atrás quando o valuation da companhia era de pouco mais de US$ 1 bilhão. Aprendemos muito sobre exchange de criptoativos, a dinâmica do mercado e vimos que isso aconteceria em outros países. Nos antecipamos e vimos que o Brasil era um mercado que tinha uma adoção grande de criptomoedas e decidimos investir em Mercado Bitcoin, mas com todo o conhecimento que já tínhamos de Coinbase.

Quando a Coinbase fez o IPO, conseguimos multiplicar em 33x nossos investimentos na companhia neste período de pouco mais de dois anos. E agora no Mercado Bitcoin já multiplicamos por 19x em seis meses. Independente se o bitcoin está subindo ou caindo, a exchange em si está ganhando dinheiro quando seus clientes vendem e compram. Então é um modelo de negócio atraente.

Hoje, o Mercado Bitcoin é quase do tamanho da B3 em termos de CPFs registrados na plataforma e cresce a 100 mil novos usuários por mês.

Vocês influenciam de alguma forma na tomada de decisão das empresas nas quais investem?

No braço da G2D, decidimos ser minoritários em todas as companhias. Eventualmente, podemos até ter uma participação majoritária em alguma companhia, mas não é o nosso foco. Como são empresas de tecnologia de altíssimo crescimento, acreditamos que o time fundador é fundamental para levar a companhia para o lugar onde eles almejam. Sentamos no banco do passageiro e ajudamos como podemos.

Há uma assimetria de informações para o investidor conseguir analisar a G2D? Muitos dizem ser difícil precificar a empresa…

No IPO, muita gente falou: ‘ah, vou ter que apenas confiar no time? Tenho que olhar todas as empresas do portfólio?’. 60 dias depois da abertura de capital, os investidores viram que pagamos preços justos pelas empresas quando entramos. Fundos de primeira linha (Softbank, Tiger, Warburg Pincus) estão investindo nessas companhias depois que nós investimos, esperando um crescimento ainda maior dessas empresas olhando para frente. Ou seja, quem está chancelando nossos investimentos são os maiores fundos do mundo. Não é só a gente que está falando que esse ativo é bom. Temos uma qualidade de ativos triple A. Quando uma pessoa física teria oito unicórnios no portfólio? Nunca!

Poderia explicar as diferenças entre G2D Investments e GP Investments? Muita gente comenta que o desempenho da GP na Bolsa desde o IPO em 2006 é ruim…

A GP foi a primeira empresa de private equity do continente americano a fazer um IPO, antes mesmo da KKR, que é um dos maiores fundos do mundo. E aprendemos muito com esse IPO da GP, porque tivemos muitos erros.

A GP era um bicho muito difícil de entender, porque ela tinha muitos fundos embaixo. Esses fundos tinham diversos ativos e cada fundo tinha times diferentes tocando os ativos. Além disso, tinha uma dívida perpétua em dólar altíssima. Tudo isso ajudou a ficar muito difícil de explicar.

Então decidimos fazer na G2D uma coisa distinta. A G2D nasceu de uma estratégia proprietária da GP, com capital próprio, mas vimos que havia muito mais oportunidade do que dinheiro para continuar fazendo no ritmo que vínhamos fazendo e por isso resolvemos trazer a mercado.

A G2D não tem fundos embaixo, apenas caixa e ativos, com um conselho regulando tudo isso.

A GP ainda tem 70% da G2D, e por isso que conseguimos ter toda essa experiência e acesso a esses nomes do portfólio, mas como somos minoritários não temos fundos pendurados e nem dívida perpétua em dólar. É muito mais fácil de poder avaliar a nossa companhia.





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