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Inflação no Brasil deve atingir pico em setembro, projeta Vinland Capital

Inflação no Brasil deve atingir pico em setembro, projeta Vinland Capital

Pela primeira vez em 2021, o Boletim Focus, relatório publicado pelo Banco Central com a mediana das expectativas do mercado, divulgado nesta segunda-feira (16), registrou que o IPCA fechará o ano acima de 7%, mais precisamente a 7,05%. Contudo, a atualização para cima do indicador oficial de inflação do País não surpreendeu ninguém, já que esta foi a 19ª vez consecutiva que o Focus trouxe uma revisão altista para o IPCA.

E, de acordo com a Vinland Capital, asset independente com quase R$ 4 bilhões sob gestão, os dados inflacionários ainda têm uma tendência de piora, alcançando seu pior momento no mês que vem. “A inflação fará um pico em setembro de 9,32% nos últimos 12 meses e deverá fechar o ano próximo a 7%”, afirma Felipe Arslan, sócio responsável pela relação com investidores da Vinland Capital, em entrevista para o B.Side Insights, adicionando que para 2022 a casa tem uma projeção de inflação de 4%, mas com risco de alta. “A inflação saiu um pouco de controle, principalmente a de 2022.”

E, na tentativa de controlar essa alta inflacionária, o Banco Central teve que agir. Depois de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano, há duas semanas, a instituição monetária já sinalizou que pretende promover um ajuste de mesma magnitude na reunião de setembro, em um movimento considerado adequado pela Vinland.

Além da reunião de setembro, a asset espera que, nas duas últimas reuniões de política monetária do ano (em outubro e dezembro), o BC deve promover altas de 0,75 e 0,50 ponto percentual, fechando o ano de 2021 com a Selic a 7,50%, ou seja, meio ponto percentual acima do juro neutro, encerrando o ciclo de retirada de estímulos. “O Banco Central terá que continuar com esse pace por conta da inflação extremamente alta, que já está começando a desgarrar para o ano que vem”, diz Arslan. 

Risco fiscal nunca desapareceu

Outro risco bastante comentado no mercado é o fiscal, contudo Felipe Arslan considera que esse sempre esteve no radar, hora com um debate mais intenso e hora menos presente. Segundo ele, o risco do populismo, de aumentar o valor do Bolsa Família e de haver uma pedalada no precatório, inclusive, são ruídos que seguram uma valorização mais expressiva da Bolsa de Valores.

O problema, na visão de Arslan, é abrir um precedente para gastar mais, quando na verdade as discussões deveriam ser ao contrário, no sentido de pensar em cortar gastos. “Se você abre a porteira para mais gastos, nunca se sabe o que pode vir pela frente. E essa pressão por mais gastos irá continuar até o final do mandato do Bolsonaro, então o mercado precisará saber lidar com isso”, opina o RI da Vinland. 

Risco maior está no exterior

Apesar dos riscos domésticos relatados acima, a Vinland Capital considera que o maior risco está nos Estados Unidos. De acordo com a asset, o Federal Reserve, o banco central americano, pode vir na próxima reunião de setembro com um plano detalhado de retirada de estímulos para começar o tapering (redução das compras de ativos) já em dezembro.

“Isso é um risco por ser mais rápido do que o mercado está esperando”, alerta Arslan.

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