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Carta de Agosto ao Investidor

Carta de Agosto ao Investidor

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Cenário Internacional

Desde nossa última carta, dados de atividade global têm indicado uma desaceleração no crescimento, o que já era esperada, tendo em vista o rápido crescimento nos últimos meses, a variante Delta e a normalização com menos estímulos fiscais na escala global. Além disso, vários países ao redor do mundo – incluindo Alemanha, UK, Canadá, EUA e países da América Latina – têm apresentado inflação elevada por conta da continuidade dos atrasos e escassez nas cadeias globais de produção, além de setores mais ligados à reabertura das economias. Dessa forma, o mercado segue vigilante com a possibilidade de um cenário de menor do crescimento, menor liquidez por parte da política monetária e inflação ainda em nível elevado quando comparado com o passado. Ainda assim, os resultados das empresas devem seguir acima da tendência pré-Covid.

O mercado também segue atento com a nova onda da pandemia pela variante Delta na Ásia e Oceania, em países com menor imunidade de rebanho desenvolvida (mais eficaz que a vacina) reduzindo a expectativa de crescimento no terceiro trimestre e impactando cadeias de valor de diversos segmentos (principalmente de commodities) ao redor do mundo e, consequentemente, o fluxo de capital para emergentes. Somado à isso, o avanço na agenda ESG da China também contribuiu para a correção no preço do minério de ferro. Os movimentos regulatórios no país também seguem no radar, levando a redução da exposição ao país no portfolio de investidores globais.

Nos EUA, a curva de juros foi impactada (abriu) pela mudança na expectativa de mercado sobre o anúncio do tapering, com o FOMC reiterando em sua última ata que parte dos dirigentes avalia que a economia progrediu em direção aos objetivos do comitê envolvendo o emprego “máximo” e a estabilidade dos preços, sendo a inflação atual transitória. No entanto, dado o último resultado do payroll significativamente abaixo das estimativas, o mercado ainda segue dividido em relação à expectativa do início do tapering (se ocorrerá em nov/21 ou dez/21) e do ciclo de aumento da taxa básica de juros (entre 2T22, de acordo com o Consenso Bloomberg e 4T22, de acordo com Membros do FOMC.

Cenário Doméstico

No âmbito político e fiscal do Brasil, o foco ainda gira em torno do debate do orçamento para 2022, do futuro dos precatórios e da definição do novo valor para a Bolsa Família, podendo colocar em xeque o rigor fiscal do Teto de Gastos. Além desses pontos, vem fazendo preço também as incertezas políticas quanto à Reforma Tributária e Administrativa, agravadas com a crise institucional, principalmente após o feriado do 7 de setembro. O acompanhamento por parte do mercado envolvendo a temática fiscal deve continuar ao longo do mês.

O risco de desancoragem das expectativas da inflação, por sua vez, continua crescendo, puxado pelos mesmos itens – gasolina, energia e alimentos in natura – sendo os dois últimos influenciados pela escassez das chuvas e sem efeito direto da política monetária. O cenário atual do BTG Pactual para o IPCA de 2021 é de 8,1% a.a. (vs. 7,58% a.a. do Focus), com alguns riscos altistas envolvendo o cenário hídrico e uma probabilidade maior de uma nova ocorrência de La Niña no período úmido neste final de ano. Também vale pontuar que, quanto mais elevado for a inflação no final deste ano, menor é o espaço no teto dos gastos para destinar à novos gastos sociais. A projeção da Selic do banco é de 7,5% a.a.
para 2021 e 8% a.a. para 2022 (vs. 7,63% a.a. e 7,75% a.a. do Focus, respectivamente).

Enquanto o fiscal e o cenário inflacionário chamam atenção, o cenário de atividade ainda segue positivo com o ritmo acelerado de vacinação, na marca de 2 milhões de doses por dia, melhorando os índices de mobilidade e mantendo o cenário de reabertura da economia.

Além disso, o fato de o Brasil já estar bem avançado na vacinação (com expectativa de 70% da população parcialmente imunizada até o final de setembro) e de ter desenvolvido imunidade de rebanho superior aos demais países avançados na vacinação nos faz acreditar que a variante Delta terá menos efeito domesticamente.

Apesar do PIB ter recuado 0,1% no 2T21, puxado pela indústria, o cenário base do BTG é de 5,3% a.a. para 2021 (vs. 5,15% a.a. do Focus) para este ano. Em 2022 a estimativa é de crescimento de 2,2%, suportado pela recomposição de estoque na indústria e do volume de serviços prestados, porém, há um risco elevado da política monetária e crise hídrica atuarem com efeito contracionista no ritmo de recuperação.

Os fatores mencionados acima justificam, em parte, a alta recente dos juros de forma muito mais intensa que a queda na bolsa e a elevação do CDS do Brasil; inclusive, observamos uma entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira ao longo desde o início de agosto, de forma paralela à retirada de risco pelos multimercados locais. Ou seja, de um lado a manutenção dos fundamentos macroeconômicos de recuperação econômica e os resultados robustos das empresas públicas
seguraram a bolsa e o CDS, do outro, o risco fiscal e ruídos políticos causaram a elevação dos juros, reduzindo o desequilíbrio entre bolsa e juros presente anteriormente.



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