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Newton Tech Fund

O Newton Tech Fund é um fundo de ações que traz a experiência do Venture Capital para a Bolsa de Valores, na avaliação de empresas de base tecnológica listadas em Nasdaq, NYSE e B3. O Fundo é gerido pela Catarina Capital e tem foco em companhias líderes e expoentes em segmentos como Semicondutores, Segurança Cibernética, Computação em Nuvem, SaaS, E-commerce/Marketplaces, Fintechs, Redes Sociais, Games e Streaming. Mais informações em newtonfund.com.br

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O futuro da Apple depois de seu último lançamento

O futuro da Apple depois de seu último lançamento

Na semana passada, a Apple apresentou a sua nova linha de produtos, com mudanças em todos os segmentos, ainda que sem grandes novidades tecnológicas em relação ao último ano.

O grande destaque do evento foi, claro, o novo iPhone 13. O novo telefone (alguém ainda usa o iPhone para fazer ligações?) possui as vantagens que os analistas já esperavam (processador mais rápido, maior duração de bateria, câmera capaz de criar fotos e vídeos ultrarrealistas), porém pouco além disso; mesmo a promessa de uma velocidade superior àquela apresentada pelas marcas concorrentes, a conexão 5G do novo iPhone ainda depende da disponibilidade do sinal, algo que não é garantido nos EUA (apenas nos grandes centros urbanos é possível obter o melhor sinal 5G). É verdade que outros produtos também apresentaram mudanças (destaque para o iWatch, que continua a evoluir rapidamente), porém é inegável a importância que o iPhone tem para a companhia: desde 2011 o telefone responde por mais da metade da receita da empresa, além de ser a principal plataforma sob o qual são vendidos outros tipos de serviço, como Conteúdo e Apps, sejam eles de desenvolvimento próprio, sejam de terceiros.

Esse “domínio” do iPhone sobre o faturamento da Apple não significa, entretanto, que a empresa tenha errado ao focar em outras divisões: a linha de acessórios quadruplicou (notadamente iWatch) as vendas nos últimos 10 anos, enquanto a parte de Serviços (iCloud, Música e AppleCare) foi multiplicada por 7x. Ainda assim, o iPhone representa +50% de toda a receita, e a estimativa dos analistas de mercado é que continuará a responder por +50% da receita nos próximos anos.

É extremamente difícil para uma empresa conseguir apresentar uma real melhora e inovação no seu principal produto todos os anos, especialmente quando esse produto está no mercado há mais de 10 anos, mas é isso que a Apple tem feito anualmente. O evento anual de apresentação de novas tecnologias da Apple é tão importante que marca o início do ano fiscal da companhia, e define as bases para que os analistas projetem dados como receita e lucro. A falta de uma novidade mais “relevante” no evento fez com a ação da Apple apresentasse um desempenho pior que o índice Nasdaq na última semana, caindo 2,3%.

Entrando especificamente no tema de Vendas, um estudo feito pelo banco de investimento Credit Suisse mostra que, no ano subsequente à introdução de mudanças significativas nos aparelhos (como foi a introdução do 5G no iPhone 12), é possível observar uma queda nas vendas de dispositivos de, aproximadamente, 5% em relação ao ano anterior. No caso do iPhone 13 isso pode ser diferente, entretanto, dado que vemos planos agressivos de venda de algumas operadoras norte-americanas (que oferecem descontos de até US$ 1000 para os novos aparelhos), o que deve impulsionar as vendas.

Um aspecto interessante, do ponto de vista financeiro, é que o preço dos novos iPhones vêm se mantendo relativamente estável (de US$ 800 para o modelo mais simples até US$ 1200 para o mais avançado) desde 2018, o que mostra que a empresa parece ter achado o seu range de preço ideal de reposição. A manutenção do preço de venda do principal produto não significa, entretanto, que a margem bruta da companhia tenha ficado estável: graças ao aumento de exposição à outras divisões com melhor margem (como a de Serviços), a margem bruta da companhia vem aumentando a cada trimestre, ficando acima de 40% nos últimos dois resultados, e superando as expectativas dos analistas de Mercado. A empresa, inclusive, bateu as estimativas em 7 dos últimos 10 trimestres, sendo que dos três trimestres nos quais a empresa ficou abaixo das projeções, dois foram durante a pandemia de covid-19 nos EUA.

Historicamente, as ações da Apple costumam apresentar um retorno superior àquele obtido pelo S&P500 nos meses que antecedem a divulgação de novos produtos e um retorno inferior nos meses subsequentes às divulgações cujas inovações não sejam relevantes, perdendo em média 5,2% para o índice. Nos parece claro que sempre existe uma grande expectativa ao redor do evento de lançamento (elevando o preço da ação), após a qual o mercado “reavalia” as suas projeções de acordo com as informações apresentadas e, diante de expectativas piores, se desfaz das ações em busca de outras oportunidades.

Hoje, o Newton Tech Fund está com uma alocação (em termos percentuais do portfólio) marginalmente abaixo daquela vista no índice que serve como benchmark (Nasdaq-100), e não deve alterá-la em função dos anúncios recentes, por acreditar que os fundamentos que tornam a Apple a empresa mais valiosa do mundo continuam intactos, sendo ela líder em inovação tecnológica e com um mercado potencial ainda em crescimento. O roadmap da empresa também parece bastante claro, além de enxergar na companhia uma fortíssima geração de caixa e capacidade para conquistar novos mercados sem prejudicar o balanço da Apple.

Sobre o autor: o Newton Tech Fund é um fundo de ações que traz a experiência do Venture Capital para a Bolsa de Valores, na avaliação de empresas de base tecnológica listadas em Nasdaq, NYSE e B3. O Fundo é gerido pela Catarina Capital e tem foco em companhias líderes e expoentes em segmentos como Semicondutores, Segurança Cibernética, Computação em Nuvem, SaaS, E-commerce/Marketplaces, Fintechs, Redes Sociais, Games e Streaming. Mais informações em newtonfund.com.br.

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