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“É falsa a narrativa de que é preciso mudar o teto de gastos para reforçar Auxílio Brasil”, afirma economista-chefe da RPS Capital

“É falsa a narrativa de que é preciso mudar o teto de gastos para reforçar Auxílio Brasil”, afirma economista-chefe da RPS Capital
Gabriel Barros, sócio e economista-chefe da RPS Capital

A narrativa política de que é necessário furar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil não é verdadeira, segundo Gabriel Barros, sócio e economista-chefe da RPS Capital. Ele afirma que a PEC dos Precatórios, ainda em discussão na Câmara dos Deputados, abriria um espaço fiscal de cerca de R$ 50 bilhões, um valor que acomodaria tranquilamente o novo programa social do governo de R$ 400 sem criar novas despesas fora do teto.

Para Barros, o que tem assustado realmente o mercado é a possibilidade de o Congresso “pegar carona” na discussão da PEC dos Precatórios para, além de aumentar o valor do programa social que substituirá o Bolsa Família, também elevar emendas parlamentares e o fundo eleitoral, por exemplo. “O Congresso está se apropriando do Orçamento”, avalia o economista-chefe.

Sendo assim, a mudança no arcabouço fiscal aprovado em 2016 vem acompanhada por um movimento de correção de preços por parte do mercado, já que agora a regra fiscal é outra, fazendo a Bolsa adotar uma trajetória de baixa, enquanto juros futuros e dólar aceleram.

“Temos garantias de que não serão criadas novas despesas fora do teto? Não temos. Então não acredito que tenha um espaço muito grande para um rebound da Bolsa no Brasil”, opina Barros.

RPS enxerga Selic a 11% ao ano

Outro evento importante da semana, a reunião do Copom que elevou a taxa Selic em 150 pontos-base, levando os juros para o patamar de 7,75% ao ano, veio em linha com a visão da RPS após o IPCA-15 de outubro, mais forte do que o esperado pelo mercado.

Segundo a gestora, o Banco Central foi pouco assertivo no fiscal e continuou valorizando a trajetória backward ante forward-looking, com iminente mudança do regime fiscal. Porém, reconheceu que questionamentos ao arcabouço fiscal pioram o balanço de riscos e ampliam a probabilidade de uma inflação acima do esperado.

De acordo com o BC, os modelos apontam que com uma taxa Selic entre 8,75 e 9,5% para o final de 2021/2022, a inflação fica acima da meta para 2022 (4,1% vs 3,5%) e abaixo da meta em 2023 (3,1% vs 3,25%). “Para entregar a inflação na meta de 2022, portanto, a alta de juros precisa ser maior, o que nos parece pouco provável de ocorrer dado o tom dovish do comunicado”, avaliou Gabriel Barros.

Diante desse cenário, a RPS aposta em mais uma elevação de 150 pontos-base na reunião de dezembro, seguida por mais duas altas de 100 e 75 pontos-base, em fevereiro e março de 2022, respectivamente. Com isso, a taxa Selic terminal perseguida pelo BC seria de 11%.

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