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Gestores de crédito privado enxergam fundos de infraestrutura e Fiagros como oportunidades no mercado brasileiro

Gestores de crédito privado enxergam fundos de infraestrutura e Fiagros como oportunidades no mercado brasileiro

Em um cenário no qual investidores brasileiros procuram cada vez mais por investimentos alternativos para diversificar e trazer um melhor retorno para o portfólio, alguns novos produtos surgem como oportunidades interessantes, segundo gestores de crédito privado.

Segundo Eduardo Arraes, sócio do BTG Pactual Asset Management, os maiores destaques desde a pandemia de covid-19 foram o surgimento de produtos como fundos de debêntures incentivadas, fundos com mandato híbrido para o mercado local e offshore, que permite uma alocação mais flexível e produtos relacionados ao ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês).

Mas, para ele, os fundos de infraestrutura que investem em debêntures incentivadas se destacam por alguns motivos, entre eles o fato de ser listado na Bolsa de Valores, o que permite que o investidor tenha liquidez no curto prazo, mas, por outro lado, não afeta a gestão, que consegue alocar em operações mais longas e ilíquidas. Além disso, há isenção fiscal na distribuição de rendimentos e no ganho de capital do fundo, aumentando ainda mais o retorno para os cotistas.

Diante de um cenário pujante de investimentos no setor elétrico, rodovias, aeroportos, portos e ferrovias, a leitura é que a demanda ainda seguirá bastante aquecida, com inúmeros projetos de infraestrutura nos próximos anos. “É um mercado com muita demanda no Brasil e, provavelmente, teremos diversas operações nos próximos anos, o que é muito importante para o gestor ter diferentes opções de alocação que ajudam a gerar melhor retorno para os investimentos”, afirmou Arraes em participação no CEO Conference 2022, evento promovido pelo BTG Pactual.

Já para Sergio Goldstein, chefe de gestão de portfólios da mesa de crédito estruturado da Itaú Asset, outro produto atrativo e que pode cair nas graças do brasileiro é o Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais). “O Brasil é um país agro e se tem um setor que somos competitivos independente de qualquer subsídio é esse. Além disso, temos cada vez mais tecnologia e profissionalismo no campo”, observou.

Além de também proporcionar liquidez por ter cotas listadas em Bolsa, o Fiagro proporciona uma mistura de rentabilidade e segurança para o investidor, já que traz garantias líquidas e de terras agrícolas que se valorizaram muito nos últimos anos. “Faz pouco sentido um brasileiro ter investimento no Brasil e não investir em um dos setores mais fortes para o País”, apontou Goldstein.

Brasileiro aprendeu a diferenciar risco de crédito e marcação a mercado

Outro ponto de discussão foi voltado para o momento pelo qual o mercado de crédito privado passa no Brasil após o surgimento da pandemia de covid-19 em 2020. De acordo com Eduardo Arraes, os fundos do setor provaram que passaram pelo teste, principalmente quando olhamos para dois pontos principais: liquidez e inadimplência.

Pela ótica da liquidez, nenhum fundo teve que ser fechado por conta de liquidez e todos os fundos relevantes conseguiram vender os ativos necessários para pagar resgates. Já pela questão da inadimplência, não houve nenhum default (calote), até por esse mercado ser focado nas grandes empresas do País.

“2020 foi um momento complicado para a indústria, mas que ajudou bastante a desenvolver o mercado”, disse Arraes, apontando que atualmente o mercado negocia quase R$ 1 bilhão por dia em debêntures, o dobro de 2019, além da emissão recorde de R$ 150 bilhões de debêntures em 2021. “Os fundos ainda não têm o patrimônio de dois anos atrás, mas há bastante expectativa de crescimento. Empresas pouco alavancadas, taxas de juros elevadas e spreads ainda a níveis interessantes.”

Para Daniel Lemos, CEO e fundador da Riza Asset, muitos investidores passaram a entender a volatilidade de fundos líquidos. Segundo ele, apesar de um fundo ter um resgate de D+1, D+5, D+9 ou D+30, existe volatilidade nesses fundos, e cada vez mais o investidor brasileiro que não estava acostumado com a marcação a mercado passa a entender a importância de se manter no fundo e ter paciência para que aquela marcação a mercado volte.

“Há o aprendizado da diferenciação do que é risco de crédito e o que é marcação a mercado por iliquidez temporária”, afirmou Lemos. “Temos visto cada vez mais a percepção de que o investidor que quer investir em renda fixa pode sim ir para veículos com prazos de resgate mais longos, e muitas vezes até com menor volatilidade do que os fundos com liquidez menor.”

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