B.Side Insights

Assets, Fundos & Gestores

“Estamos vendo acontecer no mundo desenvolvido o que aconteceu no Brasil em 2021”, diz Rogério Xavier, da SPX

“Estamos vendo acontecer no mundo desenvolvido o que aconteceu no Brasil em 2021”, diz Rogério Xavier, da SPX

O cenário global de inflação alta e taxas de juros próximas a zero nos países desenvolvidos preocupa dois dos maiores gestores brasileiros: Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, e Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset.

Para Xavier, o momento vivido por Estados Unidos e Europa é praticamente o mesmo que vimos no Brasil em 2021, com pressões inflacionárias “claras” nos índices de preço ao atacado que depois acabaram passando para o índice ao consumidor. “Estamos vendo acontecer no mundo desenvolvido o que aconteceu no Brasil no ano passado”, opinou Xavier, durante participação do CEO Conference 2022, evento promovido pelo BTG Pactual.

O gestor da SPX relembrou que os bancos centrais, principalmente o Federal Reserve, mudaram sua maneira de executar a política monetária, buscando um objetivo de ter uma inflação mais elevada em uma média de cinco anos, dizendo intencionalmente que iriam ficar atrás da curva. E agora, com o surgimento da inflação, por ter trabalhado com juros reais negativos por muito tempo em níveis agressivos, a consequência foi uma geração no mundo inteiro, e não só nos EUA, de uma inflação em dólar, uma novidade no cenário atual.

“Agora os bancos centrais vão ter que lidar com essa inflação, sendo que o momento atual é muito mais delicado do que parece, porque o Fed segue comprando títulos, ainda com uma política monetária no campo estimulativo, e terá que fazer uma reversão a partir de março (data de sua próxima reunião de política monetária)”, observou Xavier.

O gestor, no entanto, alerta que a política monetária trabalha com leques longos, assim só conseguiremos perceber os efeitos da política monetária nos países desenvolvidos anos à frente. “É muito provável que tenhamos que lidar com inflação alta por mais tempo e será necessário utilizar instrumentos de política monetária de maneira mais intensa.”

Xavier ainda complementa que enxerga o mercado de trabalho americano alcançando uma taxa de desemprego de 2%, além de outros elementos dentro da economia americana que mostram um “sobreaquecimento”. “Estou bem preocupado em relação a como a Fed lidará com a inflação à frente. A postura dos bancos centrais é bem complacente com a inflação e isso vai ter um preço a ser pago. Estamos criando um mundo totalmente diferente do mundo que vimos nos últimos 13 anos”, alertou o gestor da SPX.

Já de acordo com Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset, a elevação das taxas de juros no curto prazo em economias desenvolvidas não é um ponto que impressiona, mas sim a projeção para os juros de longo prazo.

Stuhlberger aponta que os juros para o final de 2024 estão projetados próximos a um patamar de 1,75%, o que parece muito baixo em sua visão, mas o principal ponto de destaque é que o juro de 10 e 30 anos estarão beirando o nível de 2,20%.

Segundo ele, o mercado continua com o juro de longo prazo extremamente baixo, porque a na memória dos investidores antes da pandemia o juro de 30 anos dos EUA rodava a 2% e da Europa a 1,5%.

“Essa política de juros extremamente baixos que começou no Japão e depois foi para os EUA e para a Europa, estimulando a atividade econômica e tornando o financiamento imobiliário extremamente barato, tem consequências”, disse o CEO da Verde Asset.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Artigo anterior B.Side Daily Report: bolsas têm sessão de alívio mas seguem monitorando tensões geopolíticas; IPCA-15 tem maior alta para fevereiro desde 2016
Próxima artigo Fechamento B.Side: Ibovespa recua aos 111 mil pontos com aversão global a risco; dólar recua a R$ 5,00