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Estamos em uma fase mais de defender o patrimônio do que multiplicá-lo, diz Paolo Di Sora, CIO da RPS Capital

Estamos em uma fase mais de defender o patrimônio do que multiplicá-lo, diz Paolo Di Sora, CIO da RPS Capital

Neste momento de tensão global após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o investidor deve estar mais preocupado em defender seu patrimônio do que, de fato, multiplicá-lo. Pelo menos foi isso o que afirmou Paolo Di Sora, CIO da RPS Capital, em live realizada ontem pelo BTG Pactual.

Segundo Di Sora, estamos vivendo um choque de inflação adicional causado pela guerra, somado ao que estávamos passando por conta da pandemia de covid-19. Agora a grande pergunta que fica, de acordo com o gestor, é: o que os bancos centrais vão fazer?

“Acredito que em um primeiro momento, os bancos centrais vão tentar organizar a parte financeira, dando liquidez. Provavelmente o aumento de juros e a redução do quantitative easing (política monetária que aumenta a oferta de moeda em uma economia) vão acontecer mais para frente ou não seja tão forte quanto se imaginava”, afirmou o CIO da RPS.

Diante de um ambiente de estagflação (inflação alta e desaceleração econômica), o cenário para se tomar decisões de investimento baseado na macroeconomia fica ainda mais desafiador. A RPS, por exemplo, está privilegiando a liquidez, para conseguir se desfazer rapidamente das posições, privilegiando qualidade, com empresas que têm a melhor gestão, melhor margem, melhor marca e melhor posicionamento estratégico, na visão da casa, além de encurtar ainda mais o horizonte de investimento. “Não dá para ter grandes convicções do que irá acontecer”, disse Di Sora.

‘Temos que tomar cuidado para não virar um bear market global’

A opinião conservadora também é compartilhada por André Caldas, sócio e portfolio manager da Clave Capital, afirmando que as “muitas complexidades” juntas obrigam o investidor a trabalhar de maneira cautelosa.

De acordo com Caldas, o cenário inflacionário mais delicado obrigará o Fed a trabalhar de uma forma mais lenta, contudo não acredita em uma mudança de direção. “A principal coisa que temos que entender é que haverá um cenário de aperto monetário, com uma inflação rodando a um nível alto e com redução de crescimento. E é isso que temos que tomar muito cuidado para não virar um bear market global.”

‘Grandes transformações que estão acontecendo no Brasil não vão parar’

Já Marcello Silva, sócio-fundador da Aster Capital, declarou estar focado em dar um peso maior para empresas com pricing power (poder de repassar preços). Ele cita como um dos exemplos a Rede D’Or, que vem ganhando um valor ainda mais relevante em um momento inflacionário, segundo ele. “É um momento que o mais forte materializa sua força.”

Silva ainda disse que o cenário macroeconômico turbulento, com inflação maior, taxa de juros em dois dígitos e crescimento tímido do País não são impeditivos para encontrar boas oportunidades na Bolsa, relembrando quando investiu em Lojas Renner em 2015, período de dificuldade para a economia brasileira.

“Renner estava performando super bem, porque o Brasil tem suas idiossincrasias.  É um lugar super difícil de operar, e nesses momentos os fortes insistem em ficar mais fortes.

E isso está acontecendo de novo. Não é a primeira ou segunda vez que isso está acontecendo, e provavelmente não será a última”, afirmou o gestor da Aster.

Marcello Silva também afirmou que o momento mais desafiador não impedirá que empresas que vêm apresentando bons resultados parem de crescer, citando Mercado Livre, Weg, Totvs e BTG Pactual. “Essas grandes transformações que estão acontecendo nos negócios no Brasil não vão parar. Isso não significa que temos que fechar o olho para o cenário macro”, finalizou.

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