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Aumentam chances do Banco Central cortar juros no segundo semestre de 2023, afirmam economistas

Aumentam chances do Banco Central cortar juros no segundo semestre de 2023, afirmam economistas
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

A decisão do Copom de manter a Taxa Selic em 13,75% ao ano, quebrando uma sequência de altas que foi iniciada em março de 2021, somada à manutenção de um discurso de que ainda considera um ajuste residual faz com que aumentem as chances de o Banco Central cortar juros no segundo semestre de 2023. Pelo menos é isso o que afirmam Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, e Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.

De acordo com Veronese, antes da reunião do Banco Central, a curva de juros futuros chegou a precificar que a partir do final do primeiro trimestre de 2023 o Copom já poderia começar a cortar juros. No entanto, a falta de convicção da autoridade monetária em sua decisão, inclusive com opiniões divergentes entre dirigentes (houve dois votos contrários e sete favoráveis), fato que não acontecia desde 2016, pode fazer com que esse movimento seja mais contido, já que pode dificultar a ancoragem das expectativas.

“Seria uma discussão bem normal depois de um ciclo tão longo de altas o mercado começar a questionar quando começará a cortar (juros). Mas dado esse comunicado que foi feito, essas apostas ficarão um pouco mais tímidas”, aposta a economista-chefe da B.Side Investimentos, reforçando que cortes de juros por parte do BC só devem acontecer no segundo semestre de 2023.

A opinião também é compartilhada por Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, afirmando que a ideia do BC em seu comunicado foi entregar um “fim de ciclo hawkish” e evitar que o mercado entrasse em um movimento de antecipação de corte. “Se anteciparmos muito o corte, o BC vai ter que segurar por muito mais tempo (os juros) ou entregar um ajuste adicional.”

E, na visão de Débora, apesar de ainda não ter fechado totalmente as portas para um aumento residual de juros, o ciclo de altas deve ter realmente se encerrado. “Entendo o Banco Central tentar não discutir isso (corte de juros) neste momento para não desancorar a inflação.”

Agora, segundo ela, será a hora da política monetária “brilhar” e “ser sentida” em 2023, já que neste ano foi “camuflada” por um impulso fiscal, o que significa atividade para baixo no ano que vem. “Temos alguns indicadores que já vêm mostrando alguma moderação da atividade em setembro, mas vamos observar isso com mais força nos dados no começo de 2023”, afirma a economista-chefe da Tenax, projetando um corte de juros entre junho e agosto. “Estamos com 13,75% de juros e uma inflação esperada entre 4,5% e 5%, então temos um juro real muito alto e que em algum momento esse negócio terá que ser cortado para fazer sentido.”

No entanto, para as economistas, há ainda fatores de risco que podem fazer com que esse cenário se modifique como as discussões do arcabouço fiscal pós-eleição e acontecimentos exógenos, por exemplo.

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