Desde junho de 2022, o dólar não encerra uma sessão abaixo do patamar de R$ 5, impactado pela volatilidade eleitoral e por fatores externos. E, para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, essa perspectiva não deve mudar tão cedo a não ser que o vencedor das eleições presidenciais, que será conhecido no próximo domingo (30), dê uma mensagem clara sobre uma nova âncora fiscal para o País.
“É insustentável (o dólar) ficar abaixo de R$ 5 enquanto não tivermos nenhuma perspectiva em relação ao cenário fiscal. Por outro lado, vimos esse câmbio explodir toda vez que tivemos problemas no Orçamento ou mudanças em relação ao teto de gastos”, afirma Sung em contato com o B.Side Insights.
O economista-chefe da Suno projeta um câmbio de R$ 5,25 ao final deste ano e R$ 5,15 para o ano que vem. Para ele, no entanto, esses números podem sofrer revisões caso Bolsonaro ou Lula alterem as regras do teto de gastos, o que ambos já sinalizaram que farão. “Temos um risco fiscal importante que pode pressionar o câmbio para cima se vier uma regra ruim ou para baixo se houver a perspectiva de diminuição da trajetória da dívida pública ao longo do tempo.”
Porém, independente do candidato, Sung não enxerga a aprovação de nenhuma reforma “grandiosa” no primeiro semestre de 2023, mas uma sinalização já seria suficiente para diminuir a pressão sobre o real. “Hoje, temos um Banco Central que luta contra o fiscal e tenta segurar a inflação, mas falta uma âncora fiscal importante que precisamos rever”, avalia o economista-chefe.
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