Desde que o Federal Reserve, o banco central americano, iniciou o ciclo de elevações de juros nos Estados Unidos em março de 2022, o mercado se questiona até onde as taxas americanas chegarão – hoje na faixa entre 4,50% e 4,75%. Vale lembrar que a meta de inflação estabelecida pelo Fed para o final de 2023 é de 2%.
Contudo, para Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset, a inflação americana deverá ficar entre 3% e 4% por um “longo período” e o Fed não aumentará o juro para um número muito além do que o mercado vem precificando, algo em torno de 5,5%, porque tal atitude poderia levar a economia americana a uma recessão profunda.
“Depois de 13 anos de juro negativo ou extremamente baixo, se acumularam pressões inflacionárias que vieram de três cisnes negros consecutivos (covid-19, inflação alta e guerra entre Rússia e Ucrânia). Isso deixou marcas muito fortes e uma desancoragem de inflação extremamente forte”, afirmou Stuhlberger no CEO Conference 2023, evento promovido pelo BTG Pactual.
Já André Jakurski, fundador da JGP, disse que o atual momento é “infernal” para o gestor, dado o nível de incertezas globais. “Há muito tempo eu não vejo uma situação onde existem dúvidas tão grandes sobre o que vai acontecer”, comentou.
Segundo ele, pode demorar 6 ou 18 meses, mas deverá haver uma recessão nos Estados Unidos, principalmente ao olhar para as curvas americanas de curto e médio prazo (2 e 10 anos, respectivamente). “A inversão da curva é tão grande, que nos últimos 70 anos, no pós-guerra, nunca deixou de ter uma recessão quando inverteu dessa forma.”
Jakurski completa que, quando olha para o futuro para tentar interpretar o que irá vencer, se a inflação mais alta ou mais baixa, a produtividade é um tema de destaque. No entanto, o gestor se mostra preocupado, afirmando que a produtividade no mundo deve continuar caindo ainda mais por causa do que chama de 5Ds: demografia, desigualdade, descarbonização, desglobalização e dívidas.
Por fim, Rogério Xavier, fundador da SPX Capital, chama a atenção para o fato de o mercado de trabalho passar por uma mudança estrutural, justificado por dois fatores: percepção das pessoas que podem trabalhar menos e ter lazer durante o dia e implementação do home office.
“Talvez não esteja sabendo explicar direito o que está acontecendo no mercado de trabalho e como isso afetará a inflação à frente. Isso pode fazer com que a inflação seja um pouco mais persistente no médio e longo prazo e o Fed tenha que trabalhar com o nível de juros reais mais elevado”, explica Xavier.
O gestor também aponta que o banco americano não não vai querer provocar uma “recessão monstruosa” para atingir sua meta de inflação, acomodando um número mais alto, em torno de 2,5% e 3%, segundo sua visão.
“O erro do mercado não está na inflação, mas sim no juro. Acredito que a taxa terminal será acima do que está (precificado)”, finaliza Xavier, afirmando que o equívoco está na precificação dos cortes. “Não teremos tantos cortes e na velocidade que o mercado acha.”
Parabéns aos três gestores por uma análise tão precisa da Situação atual.
O mercado precisa deste tipo de declaração para fazer frente as idiossincrasias faladas em jornais e por agentes de mercado simplistas. As incertezas são em várias frentes. Como sociedade,como família e como ser humano os desafios são imensos e em muitas frentes. Parabéns pelos comentários “fora da curva” .