Donald Trump foi eleito novo presidente dos Estados Unidos da América. Embora a apuração ainda não tenha terminado, Trump já conseguiu, até o momento desta nota, 276 delegados (de 270 necessários para ser eleito). Junto a isso, os Republicanos conseguiram maioria no Senado, e, embora o resultado oficial ainda não tenha sido divulgado, são grandes as chances de o partido obter também maioria na Câmara – além da já sólida maioria na Suprema Corte. Esta “supermaioria” dos Republicanos é algo que não acontecia desde o final da década de 1960, e tende a ter como principal consequência uma grande governabilidade do presidente eleito.
Em relação aos mercados, a reação no início da manhã desta quarta-feira veio em linha com o que se esperava: bolsas para cima em NY, dólar mais forte e Treasury abrindo. Aqui vale lembrar que a campanha de Trump foi baseada em promessas como corte de impostos corporativos, aumento de tarifas de importação, especialmente contra produtos chineses, além de combate à imigração e maior protecionismo. Tais medidas, se postas em prática, têm como consequência um déficit mais alto e um dólar mais forte – explicando o movimento dos mercados nesta manhã. A alta governabilidade de Trump pode facilitar, ainda, um expansionismo fiscal ainda mais forte. Isto tem um tempo para implementação, então, para 2025, poucas mudanças devem acontecer. A partir de 2026, no entanto, é possível que os resultados na economia comecem a aparecer, podendo impulsionar o PIB norte-americano para cima.
Em relação ao Brasil, um dólar mais forte é, de maneira geral, um ponto negativo. Exceção feita ao setor exportador, a economia tende a sofrer mais com a moeda nacional mais fraca, além do impacto que isto pode trazer na inflação e, por consequência, no poder de compra da população (especialmente os mais pobres). No curto prazo, a vitória de Trump e o fortalecimento externo do dólar devem aumentar a pressão no governo para que os cortes de gastos sejam anunciados o mais rápido possível, além de poder trazer novas pressões na curva de juros e no Copom. Por fim, a possibilidade de um governo norte-americano mais protecionista impacta o início dos negócios nesta manhã em praticamente todos os emergentes, movimento que se repete no Brasil: o Ibovespa começou a sessão em queda de 1,33%, aos 128.920,05 pontos, enquanto o dólar era cotado a R$ 5,80 (depois de passar os R$ 5,85 na abertura).
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