📍O IPCA-15 de novembro subiu 0,62% em novembro, vindo de 0,54% em outubro. O resultado ficou bem acima da mediana das expectativas, de 0,49%. A inflação acumulada no ano foi a 4,35%, e, em 12 meses, 4,77%.
📍Oito dos nove grupos que compõem o IPCA-15 subiram, mas os principais destaques foram:
- Alimentos: ainda sob impacto de hortifruti e de carnes, o grupo contribuiu com 29bps da inflação no mês. O comportamento do preço dos alimentos nos próximos meses ainda é fonte de incertezas, já que além das sazonalidades corriqueiras, o grupo tem sido muito impactado por questões climáticas.
- Transportes: a alta de passagens aéreas e tarifas de ônibus urbanos fizeram com que o grupo Transportes contribuísse com 0,17 pontos da inflação no mês. Somente passagens aéreas subiram 22,56%, sendo responsáveis por 0,14 pontos do IPCA-15 de novembro – sob forte impacto da alta recente do dólar.
📍Na contramão, o grupo Habitação desacelerou de 1,72% a 0,22%, respondendo à mudança da bandeira tarifária da conta de energia residencial.
📍Sobre os núcleos e demais medidas, todas avançaram em 12 meses:
- A média dos núcleos passou de 3,81% para 3,95%;
- Bens industriais passaram de 1,63% a 2,06%;
- Serviços subiram de 4,39% a 4,46%;
- Serviços subjacentes passaram de 5,09% a 5,34%.
📍Por fim, o índice de difusão, que mostra a proporção de produtos que tiveram aumento dos seus preços dentro da cesta do IPCA-15, passou de 58,3% a 57,5%.
O que achamos
O IPCA-15 de novembro, por si só, não foi uma boa notícia. Impactado por alimentos, em função de questões climáticas, e por transportes, em boa parte por conta do dólar mais pressionado, a prévia da inflação do mês ficou perto do teto das estimativas e muito acima de sua mediana. Além disso, a inflação acumulada em 12 meses se afasta ainda mais do teto da meta, de 4,5%.
No que diz respeito aos núcleos, também foi observada alta em todas as suas medidas. Serviços e serviços subjacentes, que têm sido apontados pelo BC como importantes pontos de preocupação, voltaram a subir, deixando a autoridade monetária em uma situação ainda mais delicada.
Junto a isso, e talvez tão importante quanto os dados de inflação propriamente ditos, o mercado reage mal ao IPCA-15 não só pelos números mais fortes, mas sim pela combinação inflação mais forte + ausência de pacote fiscal. Uma coisa seria termos uma composição pouco benigna da inflação, mas com o fiscal endereçado. Outra coisa, e é o que temos hoje, é uma inflação que preocupa em um momento de total ausência de notícias do front fiscal, além de promessas do anúncio de um pacote que não se concretiza.
O que o IPCA-15 provocou nos mercados, portanto, foi uma nova abertura da curva de juros: saímos de um cenário em que a inflação corrente era benigna, para um cenário de inflação corrente preocupante, o que, em parte, acontece justamente pela falta de notícias no campo fiscal – um dólar mais bem comportado poderia impedir, por exemplo, a alta nos preços das passagens aéreas.
Neste sentido, entendemos que mais que números de inflação pura e simples, o mercado precisa do anúncio do pacote de corte de gastos para entender que direção tomar.
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