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Gestores de fundos de ações enxergam “baixo risco” de segunda onda de covid-19 no Brasil

Gestores de fundos de ações enxergam “baixo risco” de segunda onda de covid-19 no Brasil
Philippe Perdigão, Mar Asset Management

A probabilidade de uma segunda onda de covid-19 no Brasil é baixa. Pelo menos é isso o que disseram alguns gestores de fundos de ações, em live promovida nesta quinta-feira, 5, pelo BTG Pactual.

Philippe Perdigão, fundador da Mar Asset Management, afirma que a contaminação no País foi muito alta, agressiva e disseminada desde o começo da pandemia, estimando que cerca de 20% da população já teve algum contato com o novo coronavírus. Nas grandes capitais, segundo ele, esse número aumenta para 30% a 35%, diferentemente dos EUA e da Europa, regiões em que a contaminação gira em torno de 5%.

A opinião também é compartilhada por Alexandre Martins, sócio e um dos responsáveis pela gestão dos fundos de ações da Módulo Capital, que vê o home office como um “luxo” de classes mais favorecidas e uma dificuldade de implementar restrições de isolamento social em regiões mais pobres das cidades.

Mesmo com a doença em patamares elevados no Brasil, a perspectiva de médio a longo prazo para o mercado de ações doméstico é positiva, segundo os gestores. Pedro Chermont, sócio-fundador e CIO da Leblon Equities, ainda enxerga diversas oportunidades na Bolsa e diz que nunca foi tão importante o stock picking (seleção de ações) como nesse pós-pandemia.

Chermont afirma que a casa usou esse período de incertezas para incorporar no portfólio três tendências que julga relevantes: digitalização, consolidação e ESG (sigla em inglês para aspectos ambientais, sociais e de governança). “Além da desigualdade social, a pandemia também trouxe desigualdade empresarial”, diz.

A casa aponta Lojas Renner como uma das “vencedoras” da crise, vislumbrando um aumento de market share. “A companhia estará numa posição muito melhor em 2022 do que estaria se não fosse a pandemia, porque o setor será dizimado”, diz o CIO da Leblon Equities, também apontando Natura e Magazine Luiza com potencial de crescimento. Como lado negativo da pandemia para a economia, ele aponta o aumento do risco fiscal brasileiro, com o País atingindo uma relação dívida/PIB superior a 90%, com mais um déficit primário.

Já a Mar Asset aposta em empresas e setores que têm alguma relação com a mobilidade, tendo BK Brasil como uma das maiores posições da casa. Segundo Perdigão, a companhia vem ultrapassando a crise com um balanço muito mais saudável do que o resto da indústria, que é alavancada e pulverizada, enxergando uma valorização de 50% a 100% do capital investido no papel.

Por último, a Módulo Capital utilizou a tese de investimento de que países ricos sairiam mais rápido da crise, então resolveu diversificar o portfólio em empresas com maior exposição aos EUA e China, montando duas posições relevantes em Vale e Gerdau. O gestor Alexandre Martins afirma que a última se mostrou um grande acerto e ainda permanece na carteira, beneficiada, principalmente, pela rápida retomada da construção civil, acima das expectativas da casa.

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