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“Não queremos bater o índice todo mês, mas comprar empresas baratas”, diz Gustavo Aranha, sócio da Geo Capital

“Não queremos bater o índice todo mês, mas comprar empresas baratas”, diz Gustavo Aranha, sócio da Geo Capital
Gustavo Aranha, Geo Capital

Investir nas melhores companhias do mundo olhando para um horizonte de pelo menos 5 anos. É assim que a asset Geo Capital, focada 100% em ações do exterior, faz sua gestão de ativos globais desde 2013. “Não queremos bater o índice todo mês, mas comprar empresas baratas”, diz o sócio Gustavo Aranha, em conversa com o B.Side Insights, ao comentar sobre o fato de ter ficado para trás dos principais índices acionários americanos nos três trimestres de 2020.

Apesar da visão de longo prazo, a gestora, que conta com cerca de R$ 1 bilhão de ativos sob gestão e mais de 1,2 mil clientes, também faz um mea-culpa por decisões equivocadas no curto prazo, especialmente no primeiro trimestre deste ano, quando eclodiu a crise causada pela pandemia de covid-19.

A asset começou o ano com bastante caixa e considerando tudo muito caro nos mercados acionários. No entanto, a partir do final de fevereiro, as bolsas começaram a cair muito e a gestora foi às compras. “Começamos a comprar muito cedo e muito rápido”, admite Aranha.

Segundo ele, um dos principais erros da casa foi aumentar a posição em papéis impactados diretamente pela pandemia e que tiveram seus mercados devastados, como, por exemplo, a rede de hotéis Marriott, que passou de 2% para 9% na carteira. “Até janeiro, se me perguntassem, diria que era uma companhia incrível”, afirma o sócio. “Foi um erro específico que acabou custando uma queda bem grande.”

Hoje, passado o momento mais turbulento do ano, pelo menos até o início de novembro, uma das maiores posições da gestora é a Disney, empresa considerada barata pela casa em múltiplos cenários.

A Disney, inclusive, faz parte de um universo de cobertura de 60 empresas, com modelos de negócio considerados pela casa como “muito fortes”. Para a gestora, três pilares são fundamentais ao escolher uma empresa em sua estratégia ativa: poder de preço, cultura do dono e espaço para crescimento.

Para chegar ao número atual de cobertura, com uma equipe que chega a 27 pessoas, a Geo Capital já estudou quase 500 cases. “Não é apenas uma lista de empresas que simplesmente seguimos. Nos propomos a acompanhar muito de perto essas 60”, diz Aranha. “Por outro lado, é um número grande o suficiente para trazer diversidade, tanto geográfica quanto de setores.”

Já o valuation é feito traçando diferentes cenários, à procura do valor justo de cada papel daqui a cinco anos. Cada uma das empresas conta com uma “nuvem de valuations”. “Não nos propomos a adivinhar o cenário que irá acontecer, mas sensibilizamos o valuation de longo prazo de acordo com o cenário”, explica o sócio da Geo Capital.

Atualmente, o fundo conta com 29 posições, com vários nomes conhecidos como AB-InBev, American Express, Coca-Cola e Alphabet. As 10 maiores alocações representam quase 70% do fundo. Há um limite de concentração máximo de 10% por companhia, enquanto o limite setorial inexiste.

A casa conta com dois fundos masters disponíveis em plataformas em sua estratégia ativa. A diferença é que um é hedgeado e outro não. No ano, o fundo de ações Geo Global Empresas Globais em dólares, sem variação cambial, acumula perdas de 14,72%, enquanto o Geo Global Empresas Globais em reais se desvaloriza 15,33%. Ambos têm aplicação mínima de R$ 5 mil, taxa de administração de 2% ao ano e taxa de performance de 20% sobre o que exceder o Índice de Preços ao Consumidor + 2,5%. Já o resgate pode ser feito em 60 dias.

Para Aranha, a principal vantagem do fundo é a diversificação no mercado de renda variável internacional. “Não faz sentido investir em uma Bolsa (B3) que detém 1% do market cap global”, afirma.

Lançamento de fundo

Na semana passada, a Geo Capital lançou uma nova estratégia, por enquanto exclusiva para clientes do BTG Pactual. Voltado para investidores institucionais, o fundo de ações Geo Smart Beta de Qualidade tem como premissa investir nas 60 empresas analisadas de perto pela casa, utilizando um índice de qualidade criado pela gestora. “O fundo não se propõe a gerar alfa, mas sim dar para o cliente exposição às melhores 60 empresas do mundo sem correr risco específico”, explica Aranha.

Ele diz que quanto maior a nota do scorecard (indicador de desempenho) da companhia, maior a posição no fundo. “Não é um fundo ativo, mas também não é um índice que só leva em consideração o tamanho da empresa e seu market cap”, finaliza.

O produto tem aplicação mínima de R$ 5 mil, cobra 1,2% de taxa de administração ao ano e não tem taxa de performance. O resgate acontece depois de 15 dias.

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