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Recuperação e normalização da economia global será o tema de 2021, diz Felipe Guerra, da Legacy Capital

Recuperação e normalização da economia global será o tema de 2021, diz Felipe Guerra, da Legacy Capital
Felipe Guerra, Legacy Capital

Depois de um ano incomum no mercado financeiro por conta da tempestade causada pela pandemia de covid-19, o cenário começa a ficar cada vez menos nebuloso com notícias positivas sobre a eficácia de vacinas contra a doença, fato que impulsiona os ativos de risco em novembro. “Em um ano de muito ruídos, o sinal que importa é a perspectiva de vacina e abundância de estímulos monetários e fiscais. Esses dois fatores nos deixaram otimistas desde maio”, afirma Felipe Guerra, sócio-fundador e CIO da Legacy Capital, ao B.Side Insights.

Para Guerra, 2020 foi atípico e “dependeu muito do gestor” porque não definiu uma tendência específica, com pelo menos seis cenários diferentes ao longo do ano. No atual estágio, a asset precifica um crescimento global e a reabertura das economias para 2021, em um cenário de juros baixos por um tempo prolongado e a continuidade de estímulos por parte dos bancos centrais.

Somado à normalização das atividades globais, a Legacy também enxerga um ciclo positivo de commodities que não acontecia há mais de uma década. Guerra explica que a pandemia trouxe uma mudança de maior estabilidade financeira para o foco social, com mais dinheiro nas economias focado em atingir a população de baixa renda, o que se traduziu em um aumento no consumo imediato de alimentos e matéria-prima.

Por uma combinação de restrição de oferta e retomada de demanda, a casa tem uma visão positiva para os papéis de value (empresas mais cíclicas). “Estamos muito otimistas com commodities. Há uma virada de ciclo fenomenal. Montamos posições grandes de Vale e Petrobras nos últimos meses”, conta o gestor.

Entre outras alocações da casa, a Legacy conta com uma posição de cerca de 50% do fundo vendida em dólar contra diversas moedas da Ásia e da Europa. Além disso, também diz estar exposta ao risco lá fora, com a carteira distribuída em 85% no exterior e 15% no mercado doméstico.

Cenário para o Brasil

Para o Brasil, a perspectiva é mais pessimista pela falta de espaço fiscal e monetário, com um patamar de juros muito próximo ao de países desenvolvidos, sendo assim com pouco espaço para o carry trade e com muita volatilidade. “O Brasil tem um fundamento ruim, mas um preço barato”, afirma Guerra. “Precisamos de um trigger de melhora de fundamento para o País.”

Além disso, a indefinição sobre a extensão do auxílio emergencial para 2021 e possíveis mudanças no Bolsa Família também traz mais cautela. “A classe política não entende ou não quer entender a necessidade de serem feitos ajustes fiscais relevantes”, constata o gestor da Legacy.

Sobre o cenário de inflação, a casa trabalha com patamares mais próximos à meta, com projeção de aceleração de 3,5% para este ano e alta de 3,6% para 2021. De acordo com Guerra, o Brasil exagerou no efeito de criar uma demanda pontual em um mercado desbalanceado. “Independente do fiscal, a inflação já mudou de patamar porque erramos no calibre do auxílio emergencial”, diz o gestor, acrescentando que considera o Banco Central “atrasado”. “A nossa questão não é se o BC vai fazer o certo, mas sim a questão do timing.”

Prestes a completar dois anos e meio no final do ano, com grande parte da equipe trabalhando junta há mais de 12 anos desde os tempos de Santander, a Legacy Capital conta atualmente com cerca de R$ 17 bilhões sob gestão.

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