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Black Friday na Bolsa: veja 5 ações consideradas baratas no mercado acionário pela Brasil Capital

Black Friday na Bolsa: veja 5 ações consideradas baratas no mercado acionário pela Brasil Capital

O ano do mercado acionário foi marcado por intensa volatilidade, principalmente no primeiro trimestre, quando o circuit breaker, mecanismo que interrompe temporariamente o funcionamento da B3 para evitar quedas superiores a 10%, foi acionado seis vezes em março em decorrência do pânico gerado pela pandemia de covid-19.

Em novembro, apesar do índice ter recuperado o patamar visto em meados de fevereiro, próximo dos 110 mil pontos, ainda há oportunidades interessantes no mercado, segundo André Ribeiro, gestor e um dos sócios-fundadores da Brasil Capital.

A asset, atualmente com R$ 9 bilhões sob gestão, tem apenas uma estratégia (long only) e investe em empresas brasileiras abertas em Bolsa, listadas aqui ou lá fora, com foco no horizonte de longo prazo. A equipe de análise da gestora se propõe a investir em companhias que constroem valor ao longo do tempo, por meio de fundamentos, mas também tentando enxergar distorções entre o valor justo e o valor de mercado. “Nossa abordagem não se limita a encontrar empresas com um P/L baixo”, esclarece o gestor.

O fundo Brasil Capital FIC FIA, aberto em outubro de 2008, acumula valorização de 1.341% desde seu início até outubro deste ano, contra alta de 131% do Ibovespa no período. No ano, o fundo registra queda de 5% ante baixa de 4,7% do principal índice da B3.

Em entrevista ao B.Side Insights, Ribeiro elencou cinco papéis considerados “baratos” pelo time da Brasil Capital, sendo um de crescimento (Mercado Livre) e quatro de valor (Yduqs, SulAmérica, Cosan e Rumo):

Mercado Livre (MELI34)

Navegando na transformação do mercado digital, o Mercado Livre é considerado pela Brasil Capital como uma empresa atrativa que construirá valor ao longo do tempo.

Apesar da valorização anual superior a 130% na Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos, André Ribeiro diz que o movimento de alta da empresa está apenas no início para quem tem uma visão de longo prazo, visto que há uma tendência de aceleração da penetração do e-commerce no pós-pandemia. “Apesar de no curto prazo a empresa parecer com múltiplos esticados pela performance excepcional, o poder de crescimento ao longo dos próximos anos é enorme”, afirma Ribeiro.

Segundo ele, antes da pandemia, havia cerca de 5% de penetração do e-commerce em relação ao varejo total no Brasil. Depois da eclosão das restrições de mobilidade, a gestora estima que o número pulou para 10%, o que representa uma aceleração bem relevante. Em outros países, como China e EUA, a utilização de meios digitais alcança 40% dos consumidores.

Nesse contexto, o Mercado Livre, exaltado por ter uma cultura muito forte de inovação e liderança, está localizado em toda a América Latina. Sendo assim, possui um público potencial de 650 milhões de pessoas na região para atrair nos próximos anos.

Além disso, os serviços financeiros ofertados pelo Mercado Pago também animam. De acordo com pesquisa realizada pela Mastercard e Americas Market Intelligence (AMI) em 13 países da América Latina e do Caribe, cerca de 40 milhões de pessoas foram bancarizadas nos últimos meses. Até o final do ano, a AMI calcula que 50 milhões de usuários terão comprado online pela primeira vez.

Yduqs (YDUQ3)

O setor de educação foi um dos mais afetados pela pandemia de covid-19 por causa das medidas de restrição. Os papéis ON de Yduqs (ex-Estácio), por exemplo, registram queda de mais de 30% no Ibovespa em 2020, já que metade do número de seus alunos está no ensino presencial.

Apesar do ano difícil, as perspectivas para o futuro são animadoras, sendo considerada pela Brasil Capital como uma das potenciais vencedoras do segmento e negociada a 12x lucro para 2021, patamar considerado muito baixo pela casa.

A visão da asset é de que a Yduqs tem grandes alavancas de crescimento, projetando que a empresa dobrará o número de polos de ensinos à distância, área na qual vem se expandindo, com investimentos em tecnologia e digitalização da experiência do consumidor.

A dominância no ensino presencial também é levada em conta, com destaque para alunos de graduação de Medicina com tíquete médio de R$ 10 mil. Outra linha de negócio considerada relevante são os cursos adicionais, como os de pós-graduação.

Além disso, há a expectativa de novas aquisições relevantes, assim como a compra da Adtalem, dona do Ibmec, por R$ 2,2 bilhões, confirmada em abril deste ano.

SulAmérica (SULA11)

Outra companhia duramente penalizada pela pandemia foi a SulAmérica, com suas Units se desvalorizando mais de 25%. A Brasil Capital avalia que a empresa de saúde está muito subavaliada em relação às suas concorrentes comparáveis.

Depois de vender seu braço de seguros auto para a Allianz, a SulAmérica é atualmente focada quase que integralmente em saúde, com evolução nos últimos meses na área de telemedicina e cuidados continuados.

Segundo André Ribeiro, o mercado de saúde tem uma concorrência muito forte, com operadores verticalizados como Hapvida e NotreDame Intermédica ganhando espaço. No entanto, a SulAmérica não luta necessariamente pelos mesmos clientes das empresas citadas anteriormente, mas sim de Bradesco, Amil e Unimed. “Ela está bem posicionada e preparada para a reabertura da economia e a volta do crescimento de empregos”, afirma Ribeiro.

Cosan (CSAN3)

Há 12 anos no portfólio da asset, as ações ON de Cosan seguem sendo consideradas com um preço atrativo, mesmo com valorização superior a 20% em 2020. “A companhia se multiplicou por algumas vezes, foi construindo valor ao longo do tempo e ainda consideramos que a empresa esteja barata”, diz Ribeiro, avaliando que a Cosan tem muito potencial de crescimento e previsibilidade.

Com serviços considerados essenciais, o Grupo Cosan é formado pelas empresas Comgás, Raízen Combustíveis, Raízen Energia e Rumo.

Rumo (RAIL3)

A Rumo, inclusive, também é considerada como um papel com atributos positivos, mesmo com a baixa acima de 25% de suas ações ON. A companhia está há quatro anos na carteira da Brasil Capital.

A empresa é dominante no setor de ferrovias e concorre basicamente contra caminhões e transportadoras. Além disso, vem investindo bastante em projetos nos últimos anos, sendo destaque o de Rondonópolis (MT), considerado um dos berços agrícolas do País, ligando o Centro-Oeste ao Porto de Santos (SP). Por último, notícias de safras recordes e aumento de produção de commodities também animam.

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