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Balanço de novembro: eleição nos EUA e eficácia de vacina contra a covid-19 em testes embalam os mercados

Balanço de novembro: eleição nos EUA e eficácia de vacina contra a covid-19 em testes embalam os mercados

O clima de otimismo impulsionou os ativos de risco no mês de novembro principalmente por conta de dois motivos. O primeiro foi a definição das eleições presidenciais dos Estados Unidos, fato que trouxe mais previsibilidade ao mercado. No entanto, o que de fato deixou os investidores animados foi a sucessão de notícias positivas sobre a efetividade de vacinas contra a covid-19, trazendo maiores esperanças de que a pandemia está próxima do fim.

A expectativa de que uma vacina eficaz esteja disponível no primeiro semestre de 2021 (ou até neste ano) veio dos testes favoráveis das americanas Pfizer, Moderna e AstraZeneca, além da Spunik V (Rússia) e CoronaVac (China), todos com resultados de imunização superiores a 90%. O jornal Financial Times, inclusive, informou que a Pfizer pode começar a vacinação no Reino Unido a partir do dia 7 de dezembro, enquanto a Moderna estuda pedir autorização para iniciar a imunização nos EUA.

Já a CoronaVac está sendo desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e 120 mil doses chegaram a São Paulo no dia 19 de novembro. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não deu aval para o registro da vacina.

O ânimo sobre as vacinas foi tanto que os três principais índices de Nova York bateram recordes históricos. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq registraram altas mensais de 11,86%, 10,75% e 11,80%, respectivamente. Na Europa, a bolsa de Londres avançou 12,35%, a de Paris disparou 20,12% e a de Frankfurt acelerou 15,01%.

Além da possibilidade de imunização em massa da população global em breve, outro episódio também mexeu com os mercados. Nos Estados Unidos, Joe Biden foi eleito como o 46º presidente da história depois de uma disputa cheia de polêmicas. Donald Trump não aceitou o resultado da votação e o classificou diversas vezes como “fraude”, pedindo a recontagem dos votos. Apesar do barulho, o republicano dá sinais, segundo fontes, de que não criará problemas para o processo de transição.

Além da vitória de Biden, a não concretização da “onda azul” trouxe mais tranquilidade aos agentes financeiras. A Câmara americana continuou nas mãos dos democratas, porém o Senado teve maioria republicana, o que impede, na teoria, medidas mais radicais do novo presidente eleito.

Apesar da maior visibilidade no combate à covid-19, o número de casos da doença segue em ritmo acelerado, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Países como França, Alemanha e Reino Unido impuseram novos lockdowns na tentativa de conter uma disseminação durante o inverno europeu. Já os estados americanos também registram alta de contaminados, batendo o recorde de 200 mil casos diários no país.

Brasil segue otimismo no exterior

Embalado pelo cenário externo, o mercado acionário brasileiro também surfou no otimismo global. O Ibovespa registrou alta de 15,90% em novembro, encerrando o incômodo histórico de três baixas consecutivas em agosto, setembro e outubro. No ano, o principal índice da B3 registra queda de 5,84%.

Ações relacionadas à commodities tiveram valorização expressiva como Petrobras PN (+31,47%) e Vale ON (+28,82%). A última bateu suas marcas históricas e ultrapassou R$ 400 bilhões em valor de mercado, se firmando como a companhia mais valiosa da Bolsa.

O mês também foi marcado pelo retorno dos investidores estrangeiros à B3. Em novembro, o saldo líquido até o dia 26 é positivo em R$ 31,462 bilhões, com superávit em 17 dos 18 pregões. No ano, a saída de estrangeiros soma R$ 53,424 bilhões.

Apesar do avanço no mercado acionário, o quadro das contas públicas seguiu sem mudanças em novembro, com a agenda reformista parada. A expectativa do mercado é de haja algum progresso após o fim das eleições municipais. A principal dúvida dos investidores gira em torno do orçamento, principalmente sobre como o governo pretende financiar seus programas sociais em 2021.

A votação para os municípios teve o chamado Centrão como grande vencedor, comandando quase metade das cidades brasileiras. Por outro lado, o Partido dos Trabalhadores (PT) teve uma derrota histórica, sem nenhum prefeito eleito nas capitais do País, fato inédito desde a redemocratização.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que, depois das eleições municipais, as reformas voltarão a andar. Guedes, inclusive, foi tema central dos debates ao afirmar que fará “o que for necessário” para reduzir a dívida pública do País e citou a possibilidade de “até vender um pouco de reservas”.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também cobrou celeridade para as reformas ao dizer que, caso não haja articulação para a votação de propostas no Legislativo, o dólar poderia “chegar a 7 reais”.

Fluxos de capital do exterior foram o principal fator a retirar pressão do câmbio no Brasil. O dólar recuou 6,82%, cotado a R$ 5,34 neste mês, baixa mais forte para novembro desde 2002. No mercado de juros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou com alta de 5,00%, ante 4,80% no início do mês. O DI para janeiro de 2027 subiu a 7,55%.

Entre indicadores econômicos, agentes voltam suas atenções para a inflação depois de o IPCA para outubro ter registrado alta de 0,86%, a maior alta para o mês desde 2002, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o IGP-M O IGP-M avançou 3,28% em novembro, também acima das expectativas.

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