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Fundo de crédito da Ibiuna se diferencia por investimentos em ativos offshore e operações estruturadas

Fundo de crédito da Ibiuna se diferencia por investimentos em ativos offshore e operações estruturadas
Eduardo Alhadeff e Vivian Lee, Ibiuna Investimentos

De olho no mercado de crédito privado desde o primeiro semestre de 2019, a Ibiuna Investimentos lançou há pouco mais de quatro meses seu primeiro produto da categoria. Sob o comando dos gestores Eduardo Alhadeff e Vivian Lee, o fundo Ibiuna Credit FIC FIM CP, presente na plataforma do BTG Pactual, se diferencia, principalmente, por duas classes de investimento: ativos offshore e operações estruturadas.

Os ativos offshore compõem, no máximo, 20% da carteira para não ultrapassar o limite regulatório, com a asset de olho em países da América Latina, destacando seus investimentos em bonds de setores diversificados de Colômbia, México, Chile e Peru, países com fundamentos macroeconômicos considerados melhores do que o Brasil. “Além de poder diversificar para fora do País, ter uma carteira de menor correlação entre os ativos, usualmente gera retornos mais constantes ao longo do tempo”, explica Alhadeff em entrevista ao B.Side Insights.

Segundo o gestor, os mercados emergentes devem se beneficiar em 2021 em um cenário fiscal não tão expansivo nos Estados Unidos após vitória dos republicanos no Senado, o que demandaria mais ações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mantendo por período mais prolongado os juros dos Treasuries (títulos de dívida pública americana) baixos e constantes e também a compra de ativos (o chamado quantitative easing). Além disso, ele também vê uma depreciação do dólar, o que também é positivo para ativos de mercados emergentes.

Já as operações mais ilíquidas, que podem chegar a até 20% da alocação do fundo, buscam capturar operações estruturadas, que envolvem análise estatística, ou operações de empresas de capital fechado, com menos acesso ao mercado de capitais. ‘Buscamos operações mais high yield, que não têm rating ou sem tanta liquidez. Até empresas em processo de turnaround”, relata Lee.

Alhadeff também adiciona que o fundo tem como estratégia sempre ter um pouco de caixa, entre 5% e 15%, para conseguir aproveitar oportunidades de mercado.

Cenário de crédito para o Brasil em 2021

Na contramão da visão positiva para o exterior, a cautela predomina quando Eduardo Alhadeff fala sobre o Brasil. De acordo com ele, o risco macroeconômico pesa, especialmente com a indefinição sobre a situação fiscal do País, envolvendo dúvidas a respeito do teto de gastos e do tamanho do déficit primário no ano que vem.

Pelo lado positivo, o gestor da Ibiuna enxerga um mercado de crédito mais equilibrado, com uma oferta menor de capital justificada pela diminuição da participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) provendo recursos para grandes companhias. E uma maior demanda por crédito no setor de infraestrutura, que necessitará de muito capital após o novo marco regulatório do saneamento, para as relicitações de rodovias e para o segmento das elétricas. “Há muita demanda, mas não sei se haverá tanta oferta de capital”, questiona o gestor.

Características do fundo

O fundo de crédito da Ibiuna, atualmente com R$ 43 milhões sob gestão, tem como objetivo cerca de 50 a 70 ativos na carteira, sendo aproximadamente 80% líquidos (debêntures, bonds e letras financeiras) e 20% de estruturados em geral,com menor liquidez. A meta é entregar uma rentabilidade líquida média de CDI + 2% ao ano.

A casa tem um viés fundamentalista, se aprofundando sobre as empresas nas quais pretende investir e tentando responder uma série de perguntas como se o preço é considerado justo e se o risco associado ao retorno é adequado, além de entender diferenças no mercado local e entre emissões locais e offshore. “Ficamos constantemente olhando o que está vindo no mercado primário e o que está sendo negociado no secundário para montar a carteira”, diz a gestora Vivian Lee, completando que não busca um rating médio. “Até gostamos de olhar operações sem rating, porque fazemos nossa própria diligência e rating interno.”

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