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Ciclo de 2021 será propício para movimentos estratégicos de fusões e aquisições, diz Marco Dorigon, da Unio Partners

Ciclo de 2021 será propício para movimentos estratégicos de fusões e aquisições, diz Marco Dorigon, da Unio Partners

Após um movimento que começou a se intensificar no segundo semestre deste ano, o cenário para transações de fusões e aquisições e abertura de capital deve bater recorde histórico em 2021, segundo aponta Marco Dorigon, sócio-fundador da Unio Partners, boutique de fusões e aquisições voltada a atender empresários brasileiros dos mais diferentes setores. “Esse ciclo que vivemos é quase sem precedentes quando falamos de M&A. Ano que vem veremos um volume muito relevante nesse segmento”, afirma Dorigon em entrevista ao B.Side Insights.

No pior momento do ano, quando eclodiu a pandemia de covid-19, investidores internacionais puxaram a rédea e pararam de olhar de uma forma mais intensa para fusões e aquisições no Brasil. No entanto, passado alguns meses, é possível enxergar um superaquecimento no mercado de capitais doméstico, fato que também reflete em M&A, visto que a consolidação de vários setores da economia se intensifica, fazendo com que grandes companhias comprem pequenas e médias empresas.

Segundo Dorigon, o momento é único, porque há muitos compradores no mercado, excesso de liquidez, níveis de valuation bastante “esticados” e também há competição, um dos termômetros do M&A. Também existe um grande volume vindo de fundos de private equity, que captam dinheiro em dólar, gerando ainda mais capital para investimentos.

Todos esses fatores tornam o cenário interessante para se fazer movimentos estratégicos para os empresários que têm ambição de expandir e desenvolver seus negócios, assim como para aqueles que desejam aproveitar o momento para ter liquidez, tirando dinheiro da empresa e colocando em investimentos.

Entre os setores que devem ser beneficiados, o sócio-fundador da Unio afirma que saúde e educação são os exemplos mais óbvios. Além deles, em um olhar mais diferenciado, ele elenca o setor de serviços, desde grandes cadeias de restaurantes até empresas consolidadoras em limpeza, manutenção e segurança. Outro nicho carente e que o Brasil vem desenvolvendo é o de logística. “Deve haver uma consolidação e transações marcantes para criar players multimodais de logística”, diz Dorigon.

Ao comentar o cenário macroeconômico do País, o especialista em fusões e aquisições afirma que a redução da taxa básica de juros, atualmente em 2% ao ano, deixa o capital mais produtivo e, como consequência, auxilia as empresas a crescer e, na outra ponta, aumenta o consumo, gerando um ciclo virtuoso. Já as medidas de responsabilidade fiscal, um dos pontos de maior preocupação, são importantes para transparecer credibilidade e segurança institucional no médio a longo prazo, atraindo mais investidores estrangeiros, não só no capital especulativo, mas também para que entre no País um capital que se estabeleça de forma definitiva.

IPOs na B3

Em um processo de desbancarização, com maior competição e diversificação de agentes financeiros, as pessoas físicas estão ganhando uma relevância cada vez maior no mercado de capitais. “Isso gera uma oportunidade muito interessante para o empresário”, afirma Dorigon.

Com esse maior número de tomadores, o valuation das empresas foi puxado para cima e a imensa maioria das ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) na B3 saiu absurdamente cara, na visão do sócio-fundador da Unio.

Contudo, segundo ele, o lado negativo não é tão relevante pelo fato de que é necessário fomentar o mercado acionário. “Transformar a Bolsa numa fonte de financiamento para o empresário brasileiro vale muito mais do que pagar um pouco mais caro nos ativos”, conclui Dorigon.

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