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Gauss Capital aposta em empresas do Japão e companhia de energia limpa dos EUA com tecnologia utilizada para mineração de bitcoin

Gauss Capital aposta em empresas do Japão e companhia de energia limpa dos EUA com tecnologia utilizada para mineração de bitcoin

Com a convicção de que os estímulos fiscais continuarão ao redor do mundo por um longo período, principalmente depois da vitória dos democratas na Câmara e no Senado dos Estados Unidos, a Gauss Capital se posiciona para capturar a retomada econômica após a reabertura das atividades.

Em 2021, a casa acredita que discussões ligadas à potencial inflação dos EUA podem até ficar no centro, mas o Fed ainda terá uma política estimulativa por mais tempo, fator que beneficia, na teoria, a posição da casa em ouro, acompanhado por um dólar possivelmente mais fraco. E, apesar de achar que as bolsas estão em um patamar um pouco mais elevado, a asset continua dizendo que a alocação no mercado acionário segue sendo a melhor alternativa.

Mas, diante de tal cenário, o que a Gauss tem buscado? A resposta são posições que refletem uma visão de crescimento e, paralelamente, uma tese positiva para commodities.

Entre algumas das principais posições na carteira, o Japão aparece como um dos países favoritos atualmente. O índice Nikkei é visto com bons olhos por ter entregue historicamente um crescimento de resultado de lucro das empresas muito semelhante ao S&P 500, mas encontra-se descontado em relação ao índice americano. “Há um desconto de múltiplos que em algum momento deve fechar”, aposta Jorge Junqueira, sócio e chefe da área de análise da Gauss Capital, em entrevista para o B.Side Insights. Ele ainda diz que uma possível retomada da inflação no país asiático pode facilitar a migração para ativos de maior risco.

Olhando de uma maneira mais micro para as empresas japonesas, o analista aponta para dois papéis especificamente: a Sony e o Softbank.

A Sony, de acordo com Junqueira, é uma das teses que se beneficiam das mudanças globais de comportamento, com pessoas ficando mais tempo em casa e buscando alternativas de lazer, sendo o videogame uma delas. 

O lançamento do PlayStation 5, por exemplo, tem sido um grande sucesso. Só no último trimestre, a empresa vendeu mais de 4 milhões de consoles, sendo que mais 4 milhões de vendas são projetadas para esse primeiro trimestre e 20 milhões durante o ano de 2021.

Além disso, a Sony também produz sensores ópticos das câmeras de celular, acessório cada vez mais desejado nos mobiles. Na visão da Gauss, por conta do 5G, a maioria das pessoas vai precisar trocar de celular para estar aderente a essa nova tecnologia, sendo mais um motivo de otimismo para o aumento das vendas da Sony.

Em uma posição mais tática, a alocação em Softbank procura estar presente em uma corrida do mercado em busca das próximas grandes empresas. “Há muitos questionamentos de que o Softbank estava sendo irracional nos preços pagos, mas em todos os cases eles estão ganhando dinheiro”, explica Junqueira. “É melhor pagar caro do que não entrar.”

Visão conservadora para o Brasil

Se para o exterior a visão é otimista, o cenário brasileiro já é tratado com mais conservadorismo. Mas, apesar dos ruídos políticos e fiscais, a Gauss aponta para um benefício global maior para a B3 no curto prazo.

Segundo Junqueira, a Bolsa não está barata, então a asset tem o desafio de ser mais pontual nas ações que deseja estar posicionado. Entre duas alocações, ele destaca a posição no BTG Pactual, banco que acredita que, em cinco anos, provavelmente terá o lucro proporcional e com metade do patrimônio líquido dos grandes bancos.

Além disso, também aposta em uma recuperação da Ambev. Apesar dos ruídos de curto prazo de fechamento da economia, as notícias envolvendo as vacinas seguem como tema de maior destaque. A gestora aposta que, em países emergentes, os grandes líderes vão se consolidar nos momentos de crise. “A Ambev que tinha sofrido por bastante tempo com competição, voltou a se beneficiar e mudou o comportamento. Deixou de ser aquela empresa só focada na margem e está buscando se reposicionar”, afirma Junqueira.

Carteira equilibrada após surgimento da pandemia em 2020

Vindo de um desempenho positivo em 2019 (+16,91%), a Gauss Capital teve uma performance semelhante nos números de 2020 mesmo em meio a uma pandemia, com alta de 16,08%. Contudo, apesar de dois anos seguidos entregando ótimos resultados, os períodos foram completamente diferentes.

Antes da pandemia de covid-19, a gestora vinha posicionada com 60% em renda variável e 40% em renda fixa, quando houve a explosão de casos do novo coronavírus ao redor do mundo, episódio que derrubou as bolsas globais em fevereiro.

O clima de incerteza que pairava no mercado fez a asset adotar uma carteira equilibrada, dividida em quatro partes iguais: 25% em Bolsa, 25% em crédito de empresas de qualidade (high grade), 25% em ouro e 25% em caixa. 

Essa composição de carteira fez a Gauss, inclusive, ter a melhor performance histórica do portfólio. “Para nossa surpresa todas essas posições performaram juntas e muito bem”, explica Jorge Junqueira.

Reforço no time

A rentabilidade nominal superior a 30% nos últimos dois anos e com um índice Sharpe próximo a 1 (indicador de relação risco/retorno que quanto maior, melhor) também pode ser explicada por motivos que vão além da gestão. 

Investimentos no modelo de negócio da Gauss, com reforços nos times de equities, volatilidade e risco. “Conseguimos seniorizar três áreas que são essenciais”, afirma Teo Bastos, COO da Gauss Capital. “Nossa equipe de gestão vem ficando cada vez mais robusta.”

O fundo Gauss Multimercado, presente na plataforma do BTG Pactual e disponível apenas para investidores qualificados, está atualmente com R$ 1,4 bilhões, sendo que captou cerca de R$ 1 bilhão nos últimos 12 meses. O passivo da asset também é bem distribuído, sendo dividido em cinco partes entre plataformas, privates, family offices, fundações e sócios.

“A Gauss está se posicionando cada vez mais forte, tanto do ponto de vista de captação, quanto de alocação, de parcerias e até do próprio time de gestão”, complementa Bastos.



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